06/03/2009

Umaspéce défe






Souto, Casa, noite de 6 de Março de 2009




O teu amor por mim é umaspéce de faxismo
perfeitamente compreensível e aceitável, deribádà
idade que já vou tendo, a ponto de já nem bem
idade ser mas época, o teu amor por mim é assim,
é.

Ainda bem que assim é,
podemos sempre ir a manifestações,
ter até, sei lá, opiniões,
sermos iguaizinhos aos outros faxistas
casados como coelhos em bancos traseiros de fiats
ritmos e coiso.

Não te ’tejas a rir, q’a vida não ’tá p’ra desmanchos
nem p’ra desmandos,
’inda se fosses pivô de telejornal pisca-olho-bate-orelha,
podias até fazer-me uma festa, chamar-me o-meu-sexual,
assim não podes, não sou engenheiro da telecão, não ligo
telefones por computador, não gosto da bica no colombo,
ós sábados de manhã não passeio o expresso como um cão
ensacado à trela ps-psd, peço-te muntadesculpa mas leio
coisas além do peregrino e do codex,
seu te dissesse assim ó-darrpente qaté leio a Yourcenar em francês mesmo
e coiso e assim,
tu arrepiavas-te mazera toda aos gritinhos pá tua cabeleireira,
vejo p’ra dentro e leio p’ra fora, isto não tem graça nenhuma,
graça era se nos saísse dinheiro a ponto de podermos sair
desta Piolheira que desde o Buíça e o D. Carlos é cada vez mais
piolheira, 48 anos + quase 35 de piolheira, ainda não fui
cagar à campa do morcego magrinho da santa-tomba mas
hei-de ir, tu ádes ver se não eide.

Se queres mêmo gostar de mim,
gosta como debe-de-ser,
deribadófáto deu ter os meus melindres e os meus berlindes
e bibó faxismo.

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Canzoada Assaltante