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Noite de 22 de Fevereiro de 2009
Tudo passa, a começar pelo futuro.
Saí a ver o último ouro, que ao castelo subira a dourar o crepúsculo.
Grande beleza triste, a do domingo plenilunando as ruas vazias.
Senhoras velhas empalhavam o ar alto das mansardas, como periquitos enrugados solfejando um final mais.
Pelo fim da manhã, vira um par de gémeos, dois meninos vezes três anos. Pelo da tarde, duas meninas de cinco anos: duas gotas de água, cinco anos a da mão esquerda, cinco a da direita.
Sou feliz no domingo que acaba.
Uma vez na vida, um domingo na vida.
Ouço fios de clarinete, numa harmonia de feira mansa, em pleno silêncio.
Torno pela direita a seguir ao viaduto.
Muitos homens sós – um só de cada vez.
Houve futebol, desarmaram a tenda, recolhem aos balcões-de-pasto os merendadores, chiam os fritos em cubículos exaustos, a humidade doméstica dos olhares embolorece as frases, as sentenciosas locuções.
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