Souto, Casa, noite de 24 de Março de 2009
A língua escreve na linha da boca.
A árvore exclama aves de vigia.
Um corpo alvo escurece o dia,
que a manhã se prometia rouca
e de si mesma sequestrada, vã
sua mesma glória falante: suas aves,
suas famílias no lunar afã
de dormidas horas não suaves.
Nisto, o carteiro traz distante
cotim que tão silêncio faz.
É uma carta que traz
do horizonte.
Tudo se une: barbeada de prata a lua,
um sol radial dando um passarito
e uma vaga de frio queimando o eucalipto
que sentinela a casa que é tua,
além de minha. Caiu entanto a noite,
deve ter escrito a língua já sua linha.
Uma carta veio. E foi-te
dizendo coisas da vidinha.
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