(200 mil mal?)
(Uns poucos têm cotação na bolsa. Pelo menos 200 mil têm cotão no bolso. Decerto os mesmos que, quando olham um ministro de carro, vêem um sinistro-auto. Os próprios que ainda não confundem tanta pomba com Santa Comba. Os tais que, por ousarem manifestar-se, um dia destes não acordam na cama mas na cana.)
Para me entreter enquanto a mulher não chega a casa para irmos ao Lídle comprar atum de Marrocos, azeitonas da Grécia, gasosas de Espanha e arroz da Coreia do Norte, vou rabiscando uns trocadilhos a ver se a raiva me não espuma todo. Raiva de quê, de quem? Ora, desta pandilha, súcia, cáfila, quadrilha, vara, tribo, seita, mòlhada, troika, comandita. De quem e do quê? Ora, deste bando, gang, conclave, conselho, grupelho, sínodo, conluio, rancho, sarrabulho, partido.
Que me adiantará não ceder a ser súcubo ante o Primeiro Íncubo? Como poderei eu (mais 199 mil 999) depor o Possidónio-Mor cujo comboio eléctrico em pequenino já era um têgêvê a pilhas, cujos aviões de papel ardiam a gasolina de isqueiro, cujas gavetas do bacalhau eram forradas a jornalistas, cujo triciclo era mono como no circo e como agora?
O que não posso, não me adianta. Mas adianto, à mesma, o que posso: posso muito rir-me muito. Do poeta do milhão de votos. Dos manos Portas. Do coiso da Madeira. Da bagunça bancária. Da tropa. Da coisa de Felgueiras. Da reforma que não vou ter quando não chegar a velho. Do Lobo Antunes a fazer de Nobel e do Nobel a fazer de Saramago. Dos lobos do rugby e dos cordeiros da Páscoa. E de mim e dos outros 199 mil 999, já agora, que também somos gente.
(Que ruído foi este na porta? É a mulher que chega. Ela assim para mim: “Então sempre vens comigo ao Lídle?” E eu assim para ela: “Olha, amor, inventei agora uma muita gira sobre a cotação na bolsa.”)
(Uns poucos têm cotação na bolsa. Pelo menos 200 mil têm cotão no bolso. Decerto os mesmos que, quando olham um ministro de carro, vêem um sinistro-auto. Os próprios que ainda não confundem tanta pomba com Santa Comba. Os tais que, por ousarem manifestar-se, um dia destes não acordam na cama mas na cana.)
Para me entreter enquanto a mulher não chega a casa para irmos ao Lídle comprar atum de Marrocos, azeitonas da Grécia, gasosas de Espanha e arroz da Coreia do Norte, vou rabiscando uns trocadilhos a ver se a raiva me não espuma todo. Raiva de quê, de quem? Ora, desta pandilha, súcia, cáfila, quadrilha, vara, tribo, seita, mòlhada, troika, comandita. De quem e do quê? Ora, deste bando, gang, conclave, conselho, grupelho, sínodo, conluio, rancho, sarrabulho, partido.
Que me adiantará não ceder a ser súcubo ante o Primeiro Íncubo? Como poderei eu (mais 199 mil 999) depor o Possidónio-Mor cujo comboio eléctrico em pequenino já era um têgêvê a pilhas, cujos aviões de papel ardiam a gasolina de isqueiro, cujas gavetas do bacalhau eram forradas a jornalistas, cujo triciclo era mono como no circo e como agora?
O que não posso, não me adianta. Mas adianto, à mesma, o que posso: posso muito rir-me muito. Do poeta do milhão de votos. Dos manos Portas. Do coiso da Madeira. Da bagunça bancária. Da tropa. Da coisa de Felgueiras. Da reforma que não vou ter quando não chegar a velho. Do Lobo Antunes a fazer de Nobel e do Nobel a fazer de Saramago. Dos lobos do rugby e dos cordeiros da Páscoa. E de mim e dos outros 199 mil 999, já agora, que também somos gente.
(Que ruído foi este na porta? É a mulher que chega. Ela assim para mim: “Então sempre vens comigo ao Lídle?” E eu assim para ela: “Olha, amor, inventei agora uma muita gira sobre a cotação na bolsa.”)
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