Souto, Casa, fim da manhã de 5 de Março de 2009
Través roseiras grassam vozes sem corpo,
infantis, envelhecidas vozes sem corpo grassam
través envelhecidas vermelhas roseiras vivas
como vivas crianças velhas.
Tudo é tempo e é vento tudo.
O frio junta pedrinhas ao estojo da terra,
que escurece de manhã mais que de noite,
quando brilha polenizada de luar, adormecidas
as crianças sem corpo, as antigas.
A atenção minuciosa da composição diz-se
a si mesma: roseiras, grassação, vozearia,
risadas até, na volta do canteiro cósmico, onde
silveiras de estrelas enrijecem de frio, em algum
infantil jardim pronto-a-esquecer.
O senhor Jonas trate-me disto assim assim,
pode podar onde entender, não me exponha
apenas as memórias de outras épocas, quando
por aqui grassavam crianças corpóreas, antes
da incorporação militar para o que aí vinha.
Agora são pergaminho até as madeiras,
madeiros pétreos se volveram as duras roseiras,
e eu não tenho, senhor Jonas, onde chorar.
Não seja por isso, minha senhora.
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