19/03/2009

Sem Trégua






São quatro anjos na oficina do tempo, irrepetíveis
um dois três quatro.
Forjam a espada e o i-relógio. Fora isso, têm jardins,
crianças, cigarros, regatos, sombras de grandes panos de arvoredo.
Um deles volta a não estar morto, mexe-se na luz encarnada,
não enjeita
o fogo dançarino em suas espáduas poderosas, dão-lhe água
e uma toalha removedora de lamas,
folhas dos entretant’outonos,
bolçado o íntimo paúl ao crepúsculo.
O sol é rápido, expedidor de febris espadas.
Eles sabem que é tudo uma questão de in-tempo.
Fantasiam quase nada.
Os mesmos corpos
um dois três quatro
os celebram
jovens como nunca
mais.
De outro, ouro flameja em penhascosa peanha,
altar de si mesmo, subida a direita escarpa do ventre,
as asas musculadas,
as pontas voadoras afinadas em dedos falantes.
Entoa lanços que o céu sobe a tomar seus.
Um ainda é guerreiro de não matar,
a mão esquerda toda escritora
de riscos de que as cabeças são feitas,
como as estrelas são
e são todas as coisas,
as materiais até.
O quarto é todo silêncio,
o que lhe agrava a música.

Quatro anjos nunca menos do que homens,
quatro homens incondicionais na i-rendição
do tempo.

Souto, Casa, tarde de 19 de Março de 2009

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