Souto, Casa, entardenoitecer de 24 de Março de 2009
Não já viver se não assim, atento ao perfume do lilás
que reconhecido rosto evola da galeria ignota.
Manter certinho o cuidado das terças-feiras disto
a que um dia chamámos por ignorância futuro, hoje
ainda.
Hirta rapariga aveludada, o cabelo apanhado pelo tempo
mais que pela objectiva, o brinco em perpétua gota
revelada a água de metal, aquela sombra cavando a raia
entre morder e engolir, entre pensar e sentir, algures
já longe de França e de aqui, onde
a reconheço minha igual, máquina de composta abstracção,
ortógrafa de um olhar calígrafo, contra um cenário neutro,
como nós em crianças e em velhos, praia de papel queimado
sombreada a pègadas silentes, finalmente.
Do todo, meio corpo, nenhuma alma senão a dos ácidos
marejando à luz vermelha, no escuro povoado de ilegíveis
nomes, hirtos, lilases, metálicos, aquosos nomes
certinhos entre duas datas.
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