Hoje Acordei com Portugal na Cama
Tenho esta pátria de peito aberto
coroada de sombra a meu lado.
De cortinas cerradas, sinto, incerto,
alma nenhuma em corpo já passado.
É feita, toda ela, laranjeiras.
Ceifeiras já não tem, debulhadoras
sim, que devastam terras seareiras
e oliveiras de chãs colinas louras.
Se a Portuguesa Pátria amo ainda?
Eu amo até seus circos e rulotes!
Seus gelados pastores, seus capotes,
suas frautas de cana, coisa linda!
À cabeceira busco o copo de água
que à noite rumoreja pluvial.
A busco de outra mão e então afago-a,
lhe digo dulces coisas, trivial.
Chama-se Portugal, a minha gaja.
Acordei hoje co’ ela mesmo ao lado.
Pode não ter futuro, mas bem haja
quem dela me nasceu sem ter pensado.
Decente é todo aquele que ama
a gaja com quem acorda na cama.
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