© DA.
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Domingo,
30 de Maio de 2021
Vejo imagens & ouço palavras a propósito de um Eric Hobsbawm, homem dado por nascido no ano da Revolução Soviética & do meu Pai – 1917. Historiador, nada li dele ainda, talvez aconteça um dia ler alguma coisa de sua pena. Viveu anos cruciais em locais cruciais. Viena, Berlin, 30s/XX. Na Primavera de 1933, Londres. Perdeu pai & mãe muito cedo, criança ainda. Conheceu cedo, também, os livros. Foi politizando-se lendo & vendo. Ler & ver deram-lhe ser. Foi um cambridgeano assaz distinto. Formou-se em 1939, ano-primo da II Guerra Mundial. O documentário da sua vida é atractivo, enriquece a minha tarde dominical.
Um panorama de áleas verd’escuras guardando do sol forte
Longe do estrépito de plásticos & gritos de pessoas plastificadas
Aqui onde a mina-d’água permanece viva entre jóias segredadas
Aqui quando ainda não há nada sério que se corte.
Ou então, a pessoa sentindo ser-se. Ou seja: ser-adentro-si-sempre mas (forte itálico) em conexão com os elementos que dão em conjunto o espectáculo-do-mundo. Ou se se preferir: o aparato-do-real. Desta marquise em lôgo cimeiro, miro, como em proscénio, a mescla do natural com a intervenção humana. Comparo o que é com o como-já-foi. Disponho de décadas usadas para tal cotejo. Valorizo o indivíduo, sabendo todavia que a realidade o ignora. Ainda assim, entre esta & aquele há forçosamente conexão, se não coerência.
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É provável atingir alguma sabedoria – mas não é, de todo não é, improvável que ela chegue algo tarde de mais.
421
Barco no horizonte rumando a norte
Ponto vivo em acção voluntariosa
Define-se a si mesmo definindo o rumo mesmo
Apraz vê-lo enquanto o aqui por aqui se fica.
De aqui a linha de habitações térreas
Em um dos quartos alguém folheia a janela
Folheia esse livro de luz aberto à praia
Intemporal tal alguém na quietação instante.
Que fizeste, ó boa pessoa, este domingo?
Que fizeste tu deste dia?
Que fez ele de ti?
Que foi ele contigo?
Ordem, desordem, ordenação, insubordinação
Revolução, capital, império, liberação
Entropia, caos, tormenta & bonança
Uma vida é quanto dura o lápis.
Não poucas vezes algo se detém por valia
Algum gesto sem propaganda vil
Algum exemplo bem dado, não vendido
Certa partilha em boa frase de bom siso.
Saulo-perseguidor volve-se Paulo-perseguido
Algo em nós é Scott, algo em nós é Amundsen
Idem Carochinha & João Ratão
Cai o Gigante do pé-de-feijão.
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A terra está nublada desde o primeiro hálito nocturno.
Só as casas mais altas erguem suas cristas telhadas.
A massa arbórea assimila a humidade ubíqua.
Não há por aqui humanidade visível, só o que digo.
Muito do que digo, agora, é sem humanos.
2 comentários:
Não conhecia o filme. Lembrar Eric Hobsbawm obrigou-me a procurar a “A era dos extremos” e, nessa procura, ficar preso a outros livros, entre os quais “O livro negro da fome” do Grande e ignorado Josué de Castro. Hobsbawm foi publicado em português antes da tradução para francês que as editoras haviam boicotado. A liberdade em França foi sempre uma treta o próprio Maio68 não foi nada do que por aí pintam, eu estava lá e sei do que afirmo.
Cid, este foi o documentário que vi: https://www.youtube.com/watch?v=wVQ4dfC34TI - Eric Hobsbawm: The Consolations of History.
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