X
O
palonço-recorrente é maioria.
Febricitante,
sua ignóbil tacanhez.
Não
lhe trouxe a escola melhoria.
A
morte lha dará sem mais talvez.
Talher
de prata, porcelana finíssima.
Maviosa
contralto, Diniz ao piano.
Que
belo serão! Hora sereníssima!
Senil
avòzinha esbufa seu metano…
A
minha geração ’inda viu cães à chuva.
Eviscera-se
& descabeça-se a sardinha p’ra lata.
A
daninha esperança foi dar uma curva
&
não consta que volte tal puta barata.
(XI)
(Sim,
fragmentariamente embora, embora mais fenda do que muralha, este manuscrito vai
volvendo-se livro. Neste sentido: encontra unidade na diversidade mesma de seus
lances, seus ângulos, suas quási-confissões. É quanta ciência pode – nem pouca
nem muita.)
XII
Gosto
de documentários da vida selvagem.
Custa-me
que a gazela & o antílope etc.
(O
etc. é o leopardo & a hiena.)
E
o esquimó nunca vê o pinguim.
Tenho
andado mundos todos por explicar.
Somos
todos de vida pouca em corpo-d’usar-
-só-uma-vez-&-a-sós.
Desligo o televisor,
acampo
na cozinha, ainda a luz raia esplendor..
Bolitas
novas, multicolores, de espuma, são
o
brinquedo novo do senhor meu infante Gato.
Dia
25 que vem, faz ele um ano nesta Casa.
É
muita bela, a inocente majestade dele.
Vale
mais um franco bocejo dele que dez livros meus.
Sou
o antílope dele, vou sobrevivendo-lhe nem sei como.
O
facto de ele ser perpétuo-presente desdiz o Tempo humano.
Não
gosto que o jornalismo esteja moribundo.
XIII
Conheci
Alberto, António, Arménio & Serafim.
Não
conheci Maria, José, Joaquim & Deolinda.
Meu
Pai era o quinto dentre nove.
Não
conheci nem o Pai nem a Mãe dos Nove.
De
onze, pois, conheci cinco. É pouca ciência.
Destes
doze, só eu estou vivo.
Ainda
não sei para quando a re-união.
Espero
ordens.
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