11/08/2012

IDEÁRIO DE COIMBRA - 29 (primeiros parágrafos) - Coimbra, quarta-feira, 30 de Junho de 2010


29. DA NUNCA MEÃ MÃE E DE OUTROS ASSUNTOS A ELA INFERIORES

Coimbra, quarta-feira, 30 de Junho de 2010

A solidão da Noite levou-me ontem ao Bingo da Académica, ali em frente, vês, no piso raso do complexo do Estádio. Deixei lá cinco euros, uma moeda de cada vez para um pouco mais de tempo em ilusória companhia. Estive quase a bingar no primeiro cartão, só me faltava o 32, saiu a outra pessoa no 74. Lembrei-me do Quim Jorge, ele é um feito muito bingativo, às vezes. Depois, a rua vazia, o caminho para casa, cama e Chesterton/Padre Brown.

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Esta manhã, nO Nosso, com o meu Irmão Fernando. Sim, falámos da Mãe.
Ele disse: “De todas as vezes que a vi internada, nunca a tinha visto assim.”
E eu: “Assim, como?”
Ele: “Acabada.”
Fui, depois dele, pôr um saco ao quarto-casa. Telefonei à minha Cunhadirmã. Ela falou com a equipa clínica toda: médico, enfermeira, assistente social. O doutor disse-lhe que não é de esperar recuperação da lesão cerebral resultante do enfarte. Nem da mobilidade locomotora. Que deve ir em breve para uma clínica-lar por conta da Segurança Social, talvez um mês, coisa assim. Depois, que nos desembrulhemos para lhe arranjar o onde pré-terminal. A nossa Mãe. a nossa nunca meã Mãe.

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(Nascer é deveras mais penúltima que primeira coisa na vida.)

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Ciclistas na televisão. É em França, Prova Paris-Roubaix. O meu Pai gostava muito de ciclismo. Eu também gosto muito de ciclismo por causa de gostar muito do meu Pai. O problema é que agora só existe ciclismo.

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Um dia, hei-de sonhar ir à Suíça ver o alto de que caiu mortalmente o Professor Moriarty, sobrevivendo apenas, por aliás pouco tempo, Sherlock Jeremy Brett Holmes.

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Comi um bolo de bacalhau no senhor Zé Carlos do Viaduto. Estava bom. Falámos do golo do David Villa com que os Espanhóis arredaram o seleccionado luso-brasileiro do Mundial/2010. Depois, como saí, não falámos mais.

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Canzoada Assaltante