29. DA NUNCA MEÃ
MÃE E DE OUTROS ASSUNTOS A ELA INFERIORES
Coimbra, quarta-feira, 30 de Junho de 2010
A solidão da Noite levou-me ontem ao Bingo
da Académica, ali em frente, vês, no piso raso do complexo do Estádio. Deixei
lá cinco euros, uma moeda de cada vez para um pouco mais de tempo em ilusória
companhia. Estive quase a bingar no primeiro cartão, só me faltava o 32, saiu a
outra pessoa no 74. Lembrei-me do Quim Jorge, ele é um feito muito bingativo, às vezes. Depois, a rua
vazia, o caminho para casa, cama e Chesterton/Padre Brown.
*
Esta manhã, nO Nosso, com o meu Irmão
Fernando. Sim, falámos da Mãe.
Ele disse: “De todas as vezes que a vi internada, nunca a tinha visto assim.”
E eu: “Assim,
como?”
Ele: “Acabada.”
Fui, depois dele, pôr um saco ao
quarto-casa. Telefonei à minha Cunhadirmã. Ela falou com a equipa clínica toda:
médico, enfermeira, assistente social. O doutor disse-lhe que não é de esperar
recuperação da lesão cerebral resultante do enfarte. Nem da mobilidade
locomotora. Que deve ir em breve para uma clínica-lar por conta da Segurança
Social, talvez um mês, coisa assim. Depois, que nos desembrulhemos para lhe
arranjar o onde pré-terminal. A nossa Mãe. a nossa nunca meã Mãe.
*
(Nascer é deveras mais penúltima que
primeira coisa na vida.)
*
Ciclistas na televisão. É em França, Prova
Paris-Roubaix. O meu Pai gostava muito de ciclismo. Eu também gosto muito de
ciclismo por causa de gostar muito do meu Pai. O problema é que agora só existe
ciclismo.
*
Um dia, hei-de sonhar ir à Suíça ver o alto
de que caiu mortalmente o Professor Moriarty, sobrevivendo apenas, por aliás
pouco tempo, Sherlock Jeremy Brett Holmes.
*
Sem comentários:
Enviar um comentário