Ontem
à noite, 5 de Julho, já bem depois da 23h00m, o calor batia os quase 30°C.
Senti-me acossado pelo bafo de mufla da hora. Fui esconder-me no
ar-condicionado do CalhaBar. Curto visualmente, enfim, mas sem intrusão da
besta erótica, a nudez dos decotes e dos pés das senhoras de Coimbra. Mui
airosas chinelam elas, mui mamariamente arfam devagarinho. Ainda agora
(17h29m), um jovem casal cotovia-se mutuamente. Ele argolou uma anilha no
lóbulo esquerdo, é de bom queixal, boa estrutura facial, pele serena. Ela é de
calças rasgadas que revelam lisuras pernais, mãos de bom equilíbrio longo e
branco, cabelo apanhado em totó occipital, seios de meia-laranja, blusa
cor-de-limão, boca sem desfalecimentos, excelente dentição. Não me parecem, os
felizes, que sofram de fernandopessoísmo. É provável que venham a frutificar
filhos uma contra o outro, que devagar desistam de catarinafurtar-se utopias de
celebridade-de-têvê-reles. Mas a mocidade instantânea deles é-me gratificante.
Não ofendem a vista, antes pelo contrário: foram os bebés de alguém, não andam
na droga, primaveram em pleno Julho uma seiva de figos frescos. Por outras
palavras: devo-lhes algumas linhas de desangústia.
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