23/08/2012

Entrementes, no Verão de Coimbra de há dois anos... Ideário de Coimbra - 33 (trecho) - 3.ª feira, 6 de Julho de 2010

Ontem à noite, 5 de Julho, já bem depois da 23h00m, o calor batia os quase 30°C. Senti-me acossado pelo bafo de mufla da hora. Fui esconder-me no ar-condicionado do CalhaBar. Curto visualmente, enfim, mas sem intrusão da besta erótica, a nudez dos decotes e dos pés das senhoras de Coimbra. Mui airosas chinelam elas, mui mamariamente arfam devagarinho. Ainda agora (17h29m), um jovem casal cotovia-se mutuamente. Ele argolou uma anilha no lóbulo esquerdo, é de bom queixal, boa estrutura facial, pele serena. Ela é de calças rasgadas que revelam lisuras pernais, mãos de bom equilíbrio longo e branco, cabelo apanhado em totó occipital, seios de meia-laranja, blusa cor-de-limão, boca sem desfalecimentos, excelente dentição. Não me parecem, os felizes, que sofram de fernandopessoísmo. É provável que venham a frutificar filhos uma contra o outro, que devagar desistam de catarinafurtar-se utopias de celebridade-de-têvê-reles. Mas a mocidade instantânea deles é-me gratificante. Não ofendem a vista, antes pelo contrário: foram os bebés de alguém, não andam na droga, primaveram em pleno Julho uma seiva de figos frescos. Por outras palavras: devo-lhes algumas linhas de desangústia. 

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Canzoada Assaltante