Falo em directo de um porvir pessoal.
Se um dia Velho, isto relerei de ensinados
olhos.
Tempo ido, perdido tempo?
É da natureza da hora ser segundo a
segundo, dia por dia da Mesm’ÚnicaNoite.
Paciência em prol de ciência.
*
(Respirar é de borla, mas pensar não é
gratuito.)
*
(Este é o meu trabalho, querida.)
*
Dimensões tempo-penso-espaço tergiversam
medusas em coral-psique, filme adentro salões de chá e de
pessoas-sós-só-pessoas.
É muito belo saber matrículas de cor,
MO-45-18, Camilo-Pessoa-Pessanha-Fernando, Berliet estampada ao km 14 duma’EN
qualquer perto dÉvora.
Eu sozinho na elvense Residencial D. Sancho
ingerindo chilra manteiga de café-com-pão (1997, tinha caído o então-Verão).
E isto de ter um coração hemistíquio
sujeito a Comissão de Cesura?
É andar andando a pé-quebrado.
E a (p)rima é branca, idem o verso.
*
Na banca de rua do Rei da Fruta (entre O
Nosso e o Viaduto) vi agorinha um estendal de figos cuja roxura me acordou
agnosticamente o cromatismo Senhor-dos-Passos. Láctea sobrepeliz,
figo-seio-de-senhora-em-cio, belo de ver. Ao lado, a estrangeira
courgette-ou-como-é-que-se-escreve, o pêssego-pente-zero, o tomate inflado de
papel-de-seda, o alho odontológico, a batata humílima, a couve sobreposta em
si-mesma como o Passado e as Nações. Ontem fui ao Bingo porque a minha Mãe não
estava em casa, nem em casa mulher me esperava, só Brown/Chesterton. Viver tout
de suite encore na mesma.
*
Um rapaz, seus trintiquatro anos,
cola-croissant, almoço de bancário-com-perninha-de-fazer-seguros, certa
porcinidades de bolsas queixais, tiquezito oral “é-assim”, bom fato barato,
gravata azul-merda de quando se caga a azul o que castanho-verde se comeu.
Liquefacção de duas horas: em espera. Eu agora vou ter de nascer outra vez,
sabes, sabeis, a minha Mãe etc. Devo envergar honestidade, nem que seja para
comigo. Nós vamos morrer, mas deixai-me primeiro viver um pouco disto na pista
dos carrinhos-de-choque, no poço-da-morte, em Matosinhos, perto de outro,
bruscamente, Verão passado embora. (Sim, nem todo o filho de Guilherme – vulgo
William – é Tennessee, mas ainda assim.)
*
Eu sabia que esta tarde era
já o futuro desde ontem. Aqui me tenho nela. Boa pontuação (muito boa) – e
outros aliases. Daqui a pouco, na cafetaria da Almedina/Estádio, perto da
impressa lareira de livros, nada longe da Igreja de S. José, o corno mais
justificado da História Ocidental. Écoutez
la Chanson Bien Douce etc.
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