Souto, Casa, madrugada (I) e tarde (II) de 9 de Fevereiro de 2010
I – SONETO CANDILADO
Homem a pé por ponte a ocidente da cidade,
entre biciclistas operários e crianças azuis,
na manhã refrigéria e limpa de desejo,
fortuna de tanto ar alto sem ter de voar.
Castelo lascado de séculos, pedra que lasca pedra,
cinturão de árvores patrulhando a colina,
camiões unindo nenhures a lado algum,
caudal de cães livres esquinando artérias.
Da pastelaria, o ar candilado em vaga morna no rosto,
a bandeira do município murcha pingando,
o louco da terra colhendo beatas no jardim.
Na montra do estúdio noivas de fotografia,
na igreja baptista a palavra do dia
e o homem da ponte não vendo mas lendo.
II – REDESCONSTRUÇÃO DO SONETO CANDILADO
Jovem que é fonte a oriente da idade,
ante onanistas operáticos e tranças anis,
na peanha necrotéria vinda do ensejo,
fartura de canto contralto em ter de cantar.
Costelo lacrado de óculos, Pedro que lacra Pedro,
centurião de mármores entulhando a China,
Camões urdindo lémures, oh fado de um!,
canil de bons livros esquiando brotérias.
Na paz de Leiria, o ir sem bago torna ao mosto,
a ladeira do prepúcio marcha espermando,
o pouco da guerra tolhendo latas sem fim.
Do tonto prelúdio, goivos e fancaria,
à cerveja resista a Laura mas fria
e o jovem da fonte já lendo, já vendo.
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