© Graham Miller - Rhonda and Chantelle, Australia, 2007, from “Suburban Splendor”
Souto, Casa, noite de 6 de Fevereiro de 2010
Não me faltam coisas para ser o homem em este corpo.
Falta-me não ter coisas – e delas não precisar.
A grande (a tão grande) atenção do Sol ao mundo – disso preciso para pessoalizar este corpo que vou sendo até ser desde que hei sido.
Há circo de mais, todo ele inessencial, no foguetório dos adros mundiais.
Quero a pessoa que entre na ideia de, por exemplo, uma papoila no ombro verde de um valado.
Algumas pessoas são, no sentido em que um barco, por um exemplo um barco, é.
A mãe sentada na cozinha desmanchando legumes – ela sente os filhos pela casa, são ainda infantes, não é este o futuro deles, era o futuro da mãe sendo ser agora, ela sente os filhos pela casa, deles o rumor de brinquedos de madeira, deles os estalidos de papel: de modo que a pessoa da mãe não precisa já de pessoas mais, que ela ainda tem, a partir da cozinha, epicentro do mundo a que vai atirar filhos.
E o púbere de corpo arqueando-se em flecha de carne por causa da volúpia inentendível, preso e presa de uma sede de morrer dentro da antimãe, a rapariga.
E anáforas da vida, as manhãs para renascê-la, à falta
de melhor.
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