08/02/2010

DE ONDE TUDO VEM E OUTRAS SÍNTESES





© Robert Doisneau – Fox Terrier dans le Pont des Arts (Paris, 1953)


Souto, Casa, noite de 7 e madrugada de 8 de Fevereiro de 2010



1. SÍNTESE NOBRE

Nobreza insigne, insignificante não, a de todos os animais, maior e mais quando à nossa cotejada, que se chama pobreza quanta nobreza nos falta. Por rupias e luíses e ceitis e sestércios, trocar sândalo, azeite, a sombra do falcão e do cão o olhar mais que o nosso humano. Espiga, de trigo ou milho seja, oiro é sempre. Como leão e tigre se acumulam na síntese do gato.

2. HISTÓRICO

Georges Duby é agora tão irreversível e remoto quão o Ano Mil.

3. IMAGEM SULCADA

Imagem figurada (ou figura imaginada) do rasto (ou rosto – ou resto) que deixamos aos vinde-ouros: sulco de espuma do barco ao mar, depois mar, não mais que mar.

4. DE ONDE TUDO VEM

A surda e falsa paz da noite que nos pensa, certas apagadas horas compressoras, é da guerra de viver provinda, a nós próprios por nós-outros mesmos declarada. Uma vida sossegada é difícil, parece. O corpo inventa-se lanças, elmos, moles armaduras as mais vezes ridículas e não sensatas. De onde tudo vem, vem de viver-se. Lê-se pouco o Aberto Livro Maior, pouco se leva o soldado a colher do rio a recruta mansa de salgueiros, choupos, limoeiros, raparigas sem nome. Nem os mortos escapam à dura contenda: movem-lha os belicosos vivos inseguros. Heranças, partilhas, serventias, logradouros, a mesma terra é arena de feia quezília e querela horrenda, por surda também e também falsa.

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Canzoada Assaltante