Louriçal, noite de 9 de Fevereiro de 2010
O esplendor da nossa vida e o esplendor de Portugal luzem nesta vazia nocturna de plátanos praça. Que bonita, que triste, que portuguesa praça, portuguesa e esplendorosa e praça. Quanta graça a de sua pedra, seus bancos para ninguém, seus plátanos cabisbaixos e dignos e humanos e solitários e vazios até de pássaros. Devagar é o frio que faz nas árvores à praça. Carros que dormem estacionadamente, alguém se esqueceu da iluminação de Natal e já vamos em Fevereiro, esplendor de Fevereiro afora. Plena glória é tanta remediada pobreza. Num recanto de mesas de comer, vi pendurada uma fotografia desta praça mesma. Era nos anos 50, quando nasceram os meus irmãos Rui, Jorge e Fernando. As pessoas olhavam todas da praça o fotógrafo. Ele tirou-as do Tempo.
Venho da praça de agora e estou aos pés da praça fotografada: esplendor e Portugal e Louriçal e plátanos e colectiva solidão.
3 comentários:
Passei, fiz leitura apressada e gostei.
Abraço.
Sinto esse igual fascínio por fotos antigas. Tiradas, como bem dizes, pelo Maiúsculo Tempo. É preciso ter passado muito tempo minúsculo para percebermos (mesmo) o Tempo Maiúsculo, right?
Abraço!
QJ
Ráite.
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