© Alfred Stieglitz – Icy Night (1893)
Souto, Casa, noite de 8 de Fevereiro de 2010
Palavroso vento devassa os claustros do coração vinda a noite.
Desânimo de pessoas com meios séculos por idade: ao portão
de fábricas que vão fechar, fecham, já fecharam.
Traineira de breves oito metros e três breves tripulantes naufraga breve.
Difícil, suster este vento no coração que não quer morrer nem viver.
Quem pode, sai um pouco à noite, aluga um filme, volta para casa.
Quem pode, não pensa, antes aceita liquefazer-se lunarmente.
Custa porém não associar o coração ao cavalo, ao convento:
copista de couro, profundo organista, despensa de nossos mortos
vivos por associada cardiologia conventual.
Ajuda humanitária de quem a quem, bacalhau da Noruega, tremoços
de dia de feira em mesas rodeladas de espuma fria, superstruturas
oleodúcteis, cada garganta sendo um privado canal-do-panamá, abuso
católico de crianças sexuais na Irlanda papista, neve e mais neve e mais
neve em Washington D. C., generais, bispos, botulismos, mas fé
muita e peregrina, monástica suástica criadora de emprego na planta
de projécteis em nome do espaço vital, estupros, pesquisa nuclear,
vielas mijadas por senhoras terminais no virar do século cada noite,
cauteleiro é o coração também, de si mesmo terminação e sorte
alguma, insidiosa infiltração da realidade, da obscena realidade
na noite plena de frios comboios parados. Quero outra luz
e outro mundo, já agora, já e agora. Esta luz é povoada de mais
pelos demais, e este é um mundo que não ajudei a fazer assim,
assim obsceno, papista, generalista, arcebispista, terminal.
As crianças num pátio não sabem felizmente de que lhes falo,
pois que lhes custa associar o coração ao cavalo.
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