© Fernando Campos (http://ositiodosdesenhos.blogspot.com/)
Mago
Tudo no mundo está dando respostas. O que demora, é o tempo das perguntas.
Descoberta literária grande, esta em citação supra. É de José Saramago, em Memorial do Convento.
Era ribatejano, este José. Procurou Deus fora das igrejas e fora dos homens. Não logrou encontrá-Lo. Encontrou modo de ficar fora da vida e fora da morte. Escreveu o tal Memorial do Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis. Não é nada pouco.
Repito a citação: Tudo no mundo está dando respostas. O que demora, é o tempo das perguntas. Eis, portanto, o senhor Isaac Newton debaixo da macieira, caindo a maçã, perguntando-se Isaac por que raio terá ela caído. Daí à Lei da Atracção Gravítica Universal e a Saramago, um instante mero no vórtice do Tempo.
O Vaticano gostou de que o velho comunista agnóstico tivesse morrido. O problema é nenhum: os papas também morrem, até os coniventes com o nazismo, como Pio XII. As inquisições nunca passam de moda, como aliás as maçãs não deixam nunca de cair.
Não quero saber. E outro não: não é a morte do nosso Nobel literário que celebro, mas a sua vida activa. Queria fazer determinada coisa, determinada coisa fez: bons livros.
Se foi do PCP, se saneou em 1975 o Diário de Notícias, se foi serralheiro, se foi casado com esta portuguesa e com aquela espanhola – quero lá saber.
Sei que as maçãs, como os homens, continuam a cair.
Só que alguns caem menos do que outros.
Levantam-se do chão.
Como, por magia, Isaac Newton.
3 comentários:
Saramago: obrigado pelos livros.
Bem ladrado.
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