O primeiro-ministro disse que “seria criminoso não encerrar escolas com vinte alunos”. Disse, disse. E pensa-o. E já deu ordens à “tia” Alçada, a das aventuras aqui e ali no país da deseducação, que as mandasse fechar. E ela mandou.
Ou eu estou doidinho ou a verdade está nos antípodas: criminoso é encerrar escolas. Fechar uma escola no interior é cancelar de vez a interioridade. É como fechar urgências, centros de saúde, tribunais, postos da guarda, fábricas. É a mesma coisa. Fechar uma escola é obliterar a geração presente vezes as futuras em cada município, cada freguesia, cada lugarejo de pastorícia e amanho da nabiça.
É necessário garantir ao primeiro-ministro que a Escola não é um sítio perigoso. Pois se até serve para vender “magalhãeses”… É preciso demonstrar ao primeiro-ministro que a Escola é um sítio a que toda a gente deve ir ao menos uma vez ou duas na vida, já que nem todos os estabelecimentos podem passar cursos por fax.
A sério, a sério, esta gente é perigosa. Ou eu estou doidinho ou está ela, ela esta, esta gente. Acontece que fiz os primeiros quatro anos da minha escolaridade antes do 25 de Abril. Cristo, ao alto da ardósia negra, continuava escoltado, como no Calvário, por dois ladrões, no caso Thomaz e Caetano. Mas aprendi a ler, a escrever e a contar, trindade de competências (como agora se diz em vácuo “eduquês”) que me ajudou, vejam bem, a pensar por minha mesma cabeça.
Se calhar, o busílis do encerramento em massa de escolas não está no frio economicismo de uns tantos tecnocratas de pacotilha simplex. Se calhar, o busílis do encerramento em massa de escolas está, precisamente, no perigo de as criancinhas virem a pensar por suas delas mesmas cabeças.
Ora, sabe quem estudou que o povo mais fácil de governar (ou pastorear) é o ignorante. Quanto mais carneiro for o maralhal, mais o pastor e seus mastins têm direito a cajados de ouro.
Eu não sou carneiro. Mas que isto me chateia os cornos, chateia.
1 comentário:
Gosto do texto. Garanto-te que não estás doidinho.
Enviar um comentário