Adro de Santa Justa; Rua da Nogueira (onde, algures nos anos 40/XX, o meu Pai dormiu uma noite em casa de um camarada fabril – contou-me ele que os ratos eram tantos, que, na cama, um pontapé dado por baixo do cobertor os fazia voar aos guinchos); paz, pombas & pão no Terreiro da Erva; Rua do Carmo (onde foi o copo-de-água dos casamentos L & J e C & MG de 1-5-71); Beco do Fanado; Beco de S. Boaventura; Rua do Moreno; Terreiro do Marmeleiro; Travessa do Marmeleiro; Rua Nova; Travessa da Rua Nova (onde o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços); Rua de João Cabreira; Bota Abaixo (Casa-de-Pasto O Manel).
Pausa nO Tacho da Avó (antigo Morgado), à Rua dos Oleiros, para expelir uma dor de alma e uma mágoa de coração: um pouco antes da Rua João de Ruão, há pouco, vi o meu amigo de criação Chico M. Era ele o arrumador de carros. Anda à moedinha para sustentar o pó. Eu não sabia. Tinha-o visto há dias na (nossa, dele e minha) Pedrulha. Magro, amarelado. Perguntei dele. Confirmaram que anda poeirento. Mas isto: à moeda arrumando carros. Passei sem que me visse. O CM sempre foi uma beleza de rapaz. Tenho a história familiar dele aqui na garganta. Menino, perdeu o irmão e a irmã, crianças também, doentes terminais da permilagem – na nossa infância, a taxa de mortalidade infantil era das mais altas, senão a cúmula mesmo, da Europa. Lembro-me dos meninos-cadáveres nas caixas brancas, das muitas flores, do aturdimento dos adultos, do escândalo ante Deus, da fragrância mortal e mortífera e moribunda das flores. Eu teria quatro, cinco anos. Não esqueço, quem me dera. Agora, vi-o. Sobreviveu. Para isto.
Passadas umas ruas, vi, no Bota Abaixo, o Zé da Ti A. Anda ao pó, também. Ia na companhia de dois reconhecíveis e reconhecidos aspiradores de pó da nossa praça. Acontece que o Chico M e o Zé são ambos pão da minha cozedura. Longos anos tenho andado no álcool, sim. Mas isto é diferente: isto sou eu de fora a falar. Ou a escrever – no caso, dá o mesmo.
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