10/01/2022

REGISTOS CIVIS - 5 (edição com cortes)

© DA.


Interlúdio - 5

3.ª-Feira, 4 de Janeiro de 2022

 



Veramente interludiando-me,

aposto a vaca-magra em vil cavalo.

Rupias holandesas são meus versos,

piastras de Ceilão me não pertencem.

 

Cruzei o Rio Douro em demanda

da Leonor licenciada em festa.

Levei comigo um corpo de banda,

senhores Dias & Paio indo à testa.

 

Sou da fonte dos inventos uivantes,

faço d’irmão-de-mim não-geminado.

Só preciso de leitura sem sinecura

que meus versos aprece valiosos.

 

Ambrosia-dos-deuses-nectarina,

afago a cabecita de gato

& humores seminais à Coralina:

tríplice receita de queijo & rato.

 

Troco de chapéus sem usar cabeça?

Versejo menorismos engraçados?

Eu hei-de ser feliz quão m’apeteça,

já não deixo nem recebo recados.

 

(...)

 

Meu tempo de abrir finalidade,

ser-de-Coimbra-até-terminação.

E já agora, ser um anjo pela Cidade

cuja Rainha (Santa) é de Rosas-por-Pão.

 

Da Galiza, desceu a sul de seu nascimento

certo remo(r)to bisavô meu (talvez judeu).

Nada apuro dele em genealogias que, de momento,

não traço nem tracei, ó jesus-diabo-macabeu!

 

Deverá ter sido fundador de minha materlinhagem,

não sei, nada possuo dos jornais da época.

Da extensão de minha idade? Uns dizem que é pouca,

mas tais são mais velhos, distorcem a imagem.

 

Sei demasiado pouco, mas pertenço a leituras

que me infantilizam mui genealogias futuras.

Sim, cuido de bibliografias

que me aclaram as noites & me nevam os dias.

 

Sofro não-comedidamente a morte de amigos.

Aparecem-me no jornal, quais artistas-de-variedades.

Uns, mais velhitos; mais novos, outros – não é das idades,

é antes de nascimentos volvidos a castigos.

 

(...)

 

Da Galiza, entretanto etc. 


 

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Canzoada Assaltante