Arrozina - 10
Sábado, 8 de Janeiro de 2022
Sou
Arrozina. E Maria de Vermelho Mariano. Fui casada com um senhor ultimamente em
voga neste canhenho, digo, Rui Fabrício de Cal Moleiro. Já não sou, sim, porque
não. Há mais homens, pelo que há mais vida para lá de um só. E mais mulheres
também, sejamos sinceras – embora eu, por mim, uma vez só.
Penso
aqui em voz alta. Sou uma voz escrita, pelo que nada devo à veracidade
gesto-facial. Sou uma mulher como todos os homens: mortal.
Não
sou, por outro lado, e de outro lado, natural de Coimbra. Nasci, como Manuel
António Mota Pina nasceu, no Sabugal de Portugal. Não se nasce ali para se ser
do União. Nasce-se ali como em todo o lado se nasce: para morrer. Vive-se alguma
coisa entretanto – mas é para morrer, amigos meus: Unionistas como Academistas,
não brinquemos.
Deixei-o.
Deixei-me dele. Frequento hoje a minha casa a sós: muito gente dentro da minha
cabeça a ocupa sem alguém fora. Pensei, como rapariga-noviça, casar-me com o
primeir’último homem – mentira, é mentira, maldito Vaticano. Há mais vida. Ou
bares. E agora, internet. Não dá para amar, mas para foder, ai isso sim, para
isso dá.
Não
resido em Coimbra. Moro perto da Torre dos Clérigos. Deixo isto esquecer-se assim.
É só uma maneira de dizer, ou antes, de ser esquecida em completa decência.
Interlúdio - 11
Sábado, 8 de Janeiro de 2022
O
pobre-diabo de não-jantar veio ao bolo-de-arroz.
As
pequeninas pastelarias são quase sopa-dos-pobres.
O
fantasma-de-Sidónio surge na Figueira da Foz:
depois
de morto, vai ao casino jogar uns cobres.
Fictícia
ou factícia seja embora
a
minha invenção-nomenclatura,
é
tudo escrito de cavalgadura
que
confunde vid’ano com segundo-hora.
Sem comentários:
Enviar um comentário