© DA.
Perdição – 40
Concorrem à minha perdição factores diversos.
Julgo comum – e democrática – a perdição.
Desconheço excepções, agora que penso nisso.
Talvez alguns livros resgatem o afogamento.
Os meus prédios-cinzentos-de-Queluz não são em Queluz.
São em a minha mente, que a si de si mesma mente.
Maravilha-maravilha, é dar prendas à Filha.
Para mais não dão, não dão mais, as circunvoluções cerebrais.
Não cheguei (não ’inda) a juntar dinheiro para um cubículo.
(Favo de colmeia sem abelhas nem outro mel que este.)
Hei eu escrito já há muito versículo?
Sim, hei – mas, francamente, nenhum que preste.
Erotomanias, felizmente, me não arrepiam já mais.
Estou aqui sossegadito, já não alvoroço casadas.
Tenho a plena noção da geral insatisfação, meus Pais,
que desgoverna as entranhas, as cópulas ideadas.
Julgo ter sido em 1978 (garantir não posso, perdi cadernos)
que a felicidade absoluta me não era estranha.
Eu então coleccionava brandos Verões idem Invernos:
e os preços de aqui diferiam dos de Espanha.
Já Tordesilhas não é coisa que me divida.
Prefiro festejar cariciosamente a barriga de um cão.
Paradoxo da Natura é haver tetas masculinas.
Já Versalhes é tratado muito mal1919tratado.
Em meu tempo-infante, os doentes-mentais
eram tidos por pecados devidos ao Diabo.
Havia a Maluca (Maria do Céu Gil Nabais)
que só gania aí-ora-foda-se-irra-c’um-caralho.
E agora nenhuma fêvera pasto, longe disso.
Já sonho com a morte de quem não morreu.
Por uma vez só, fui a Oliveira de Azeméis.
Julgo ter lá morrido o Tó Pratas, não sei com certeza.
Depois de servir esta casa, sirva-me a mim o Senhor.
(Ainda é só quarta-feira, Vinte&Seis-do-Um.)
Quero uma limonada & uma sandes de atum.
(Já agora, também quero um perpétuo Amor.)
Ai algum soneto por/de Álvaro de Campos!
Ai la petite-Marguerite viajando co’ pai!
Ai o Verão Português, noite de pirilampos!
Ai o nós não sairmos com quem de nós sai!
Picos-de-afluência não abrem excepções.
(E eu também não, desde que Camões.)
Oh pelos relvados os cidadãos com trela-cães!
Oh & o Aquilino & Romarigães.
Agora a vinha é doce em vinha-d’-alhos
– inventou o grande Zeca, lá das Alturas.
Conheço (do Liceu) meia-dúzia de caralhos
que bem a vão levando com/sem sinecuras.
Agora a vírgula foi-se / A virgindade
(...)
Julgo ter sido em 1991 (caderno não posso, perdi garantias)
que uma senhora me acolhia sem questionário-maior.
Eu era de 27 anos, era empregado (& do-q’isto-melhor).
Lá vai. Trinta & coiso anos. Lá vai. Isto tem & é por dias.
Falo contigo sem tu seres alguém.
Lápis ou tinta em aberto papel.
Saudades do Pai. Saudades da Mãe.
Assino por baixo, sendo Daniel.
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