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Charut’ovnis– 33
Ainda há tão pouco, eu era de 25 anos; tu, de 22: que raio se passou que eu, distraído, não vi & perdi?
Saio hoje um pouco, Senhora, pelo entardenoitecer.
Atrai-me o frio, gosto de ir agasalhado.
Tenho pensado muito na idade, é verdade.
É todavia apenas pensar-por-pensar, nada mais.
Penso por estar vivo: de outro modo, nada feito.
Em outro entardenoitecer, aconteceu isto: a minha Mãe veio dizer-me ter acabado de avistar no céu já lusco-fusco uns quantos traços de luz, espécie de charutos alaranjados, muito longe & muito longos. Disse ela que se aquietaram eles por um momento, de súbito porém deslizaram na horizontal perfeita, soberanamente lhe pareceu que o fizeram través de uma celeridade que o nosso mundo não conhece nem pratica. Penso na epifania que à minha Mãe calhou nesse fim-de-dia tão improvável quão afinal o que hoje me vê sair às ruas frias. Talvez sejam já 32 os anos entretanto sumidos, consumidos, somados & consumados. Não sei. Ainda há pouco eu tinha 25 – etc.
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