07/01/2022

REGISTOS CIVIS - 3


 


Interlúdio - 3

2.ª-Feira, 3 de Janeiro de 2022



O homem da barbuda da confeitaria?
Ó pá, cuidado, esse gajo é psicomaníaco:
dava em jejum à filha, Coralina Maria,
vinho-do-porto, estricnina & amoníaco.

A visita do Nixon ao de dentição má, Mao?
Ó pai, cuidado, sociopata meets genocida:
ou versa-vice, q’o q’é ripa é tudo pau:
quão mamou Coralina de pesticida?

Intento ter piada ante/entre tristonhos
que como eu vivem d’inertes fantasias.
Às vezes, faço rir – mas só em sonhos
descoloridos como a paleta dos dias.

Declino ainda o meu latim como o Brel fez:
rosa-rosa-rosae-etc.-etc.-etc.
Do Nixon ao Mao, é tudo soez:
etc.-etc.-etc.- etc.-etc.-etc.

Certa vez, à chuva, eu, em Peniche,
cosido à muralha, empós ao forte,
lambi o sal aos dias, qual caniche,
nem à chuva era de ter mais sorte.

Hoje, 3 de Janeiro, espero o telefonema decisivo
do Anjo-PBX-da-Misericórdia -Euromilhões.
Em ele não telefonando, como então sobrevivo
eu que, como Borges, me não gabo de aposentações?

Abriu-se, qual meretriz, uma padaria-pastelaria
à esquina do Turíbio-Vetusto-Camiseiro.
Não posso hoje ir-me a ela, não calha o dia,
que o prometi a Rui Fabrício de Cal Moleiro.

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Canzoada Assaltante