Souto, Casa, tarde de 26 de Fevereiro de 2009
A visão para lá da cabeça.
Aquém, onde o mundo é treva lúcida.
Fulgor involuntário e inocente das coisas como os animais.
Muito trabalho para desorientar os fantasmas da casa.
O corpo como um (um apenas) dos lugares para o corpo.
A vida passando-se também nas árvores,
nas feiras,
nas desabitações.
A actividade das gaivotas vista sendo não-ser.
As praias no Inverno, plenas de possibilidade.
A consciência colectiva dos peixes e a colectiva inconsciência
das pessoas: simultaneidade e obrigação e não-fé.
Uma gazela de todas as gazelas, incontável como elas.
O nome de uma vinha que a não diz se ao sol se anoitecida.
A vida de uma vela num casebre.
O tinir de um metal à brisa leve.
O chafariz em surdina no largo reverdecido, depois dourado.
Palavras insolfejáveis ouvidas de uma casa passando a rua.
A roupa no estendal esperando um retorno.
O sabão que a esclareceu entre ela e a mão do sabão.
O sabão para lá da mão.
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