LEITE DOS SANTOS - 2
Mais 77 do que 7
Pode ser que, como tantos outros miúdos hoje velhos como eu, tenha desejado, aos 7 anos, ser como o Tintin. Pode ser. A verdade é que, rumo aos 77 anos (idade final do meu Pai), estou cada vez mais parecido com o Capitão Haddock: bebo as minhas garrafosas, digo os meus palavrões e tenho a nostalgia do mar na doca-seca da terrena vida de todos os dias.
Para mais, acho o Hergé um bocado pró racista: belga francófono, piadético de “pretos” e de “portugas”, etc. É verdade que o senhor Georges Prosper Remi, de seu nome completo, está para a BD como o Comandante Costeau está para os oceanos filmados. É verdade. Mas devo confessar que o Tintin me interessa cada vez menos. E tudo por causa do Matt Marriott, meu verdadeiro herói dos quadradinhos.
A criação de Tony Weare (insuperável criador da ilustração da tinta com aparo) e de James Edgar cativou o meu coração a partir dos tais 7 anos, idade que me parece hoje inverosímil. Os meus irmãos liam o Matt Marriott, eu praticamente aprendi a ler na cartilha do Mundo de Aventuras que no-lo trazia.Tintin? Tonnerres de Brest! Fichue espagnolette!Mille milliards de mille sabords! Tortionnaire! E por aí adiante.
É verdade também que de vez em quando, sobretudo no Inverno, com os ossos à lareira, me deixo levar pela desintelectualização da vontade e embarco nas aventuras do repórter que não escreve uma linha que seja para os jornais. O traço e as cores de Hergé levam-me pela mão, sem esforço, à minha primeira idade, como decerto faz a tantos milhares de leitores por esse mundo fora, com a provável excepção dos Estados Unidos da América, onde consta que nem conhecem grande coisa do jovem colonialista, perdão!, repórter de ruiva poupa.
Associo-me pois, por amigável encomenda do Zé Oliveira, a esta efeméride. Sem esforço. Ao Tintin, prefiro o Zé Povinho. De longe. O Zé Povinho, a Mafalda, o Torpedo 1939. Ao Hergé, prefiro o José Vilhena, o Comès, o Eisner, o Edgar P. Jacobs e o F. Caprioli.
Ao Tintin, prefiro, enfim, o Capitão Haddock: uma mão lava a outra, hélas!
Mais 77 do que 7
Pode ser que, como tantos outros miúdos hoje velhos como eu, tenha desejado, aos 7 anos, ser como o Tintin. Pode ser. A verdade é que, rumo aos 77 anos (idade final do meu Pai), estou cada vez mais parecido com o Capitão Haddock: bebo as minhas garrafosas, digo os meus palavrões e tenho a nostalgia do mar na doca-seca da terrena vida de todos os dias.
Para mais, acho o Hergé um bocado pró racista: belga francófono, piadético de “pretos” e de “portugas”, etc. É verdade que o senhor Georges Prosper Remi, de seu nome completo, está para a BD como o Comandante Costeau está para os oceanos filmados. É verdade. Mas devo confessar que o Tintin me interessa cada vez menos. E tudo por causa do Matt Marriott, meu verdadeiro herói dos quadradinhos.
A criação de Tony Weare (insuperável criador da ilustração da tinta com aparo) e de James Edgar cativou o meu coração a partir dos tais 7 anos, idade que me parece hoje inverosímil. Os meus irmãos liam o Matt Marriott, eu praticamente aprendi a ler na cartilha do Mundo de Aventuras que no-lo trazia.Tintin? Tonnerres de Brest! Fichue espagnolette!Mille milliards de mille sabords! Tortionnaire! E por aí adiante.
É verdade também que de vez em quando, sobretudo no Inverno, com os ossos à lareira, me deixo levar pela desintelectualização da vontade e embarco nas aventuras do repórter que não escreve uma linha que seja para os jornais. O traço e as cores de Hergé levam-me pela mão, sem esforço, à minha primeira idade, como decerto faz a tantos milhares de leitores por esse mundo fora, com a provável excepção dos Estados Unidos da América, onde consta que nem conhecem grande coisa do jovem colonialista, perdão!, repórter de ruiva poupa.
Associo-me pois, por amigável encomenda do Zé Oliveira, a esta efeméride. Sem esforço. Ao Tintin, prefiro o Zé Povinho. De longe. O Zé Povinho, a Mafalda, o Torpedo 1939. Ao Hergé, prefiro o José Vilhena, o Comès, o Eisner, o Edgar P. Jacobs e o F. Caprioli.
Ao Tintin, prefiro, enfim, o Capitão Haddock: uma mão lava a outra, hélas!
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