Souto, Casa, manhã de 28 de Fevereiro de 2009
Do sono somos devolvidos à terra para que maciças flores
sejamos nos canteiros de pedra do mundo que vigia o dia.
É uma pertença, marcar as casas, os rastos de caracol, dores
que as pessoas deixam de si por enfiteuse ou almotaçaria.
Quanta beleza concorria aos coretos de chumbo dos verões,
minha Dulce, quando noivávamos de nós mesmos a vida!
Hoje o mais é que nos aborrecemos aos serões
enquanto esperamos cheguem o Carlos e a Margarida.
Vamo-nos deitar ao mar de flanela da comum cama,
cada um seu ósseo barco navega a não solto sono.
Devemos naufragar sempre um pouco mais cada outono,
maciças flores não flutuantes, peixes sem escama.
Assim seja ainda quando acordarmos, porém, ao mundo,
que sensato nos cerceia flibusteiras desideratações.
Da chuva temamos só e sós as álgidas insolações,
que do sol a pique afundaremos, ó Dulce, um sono a fundo.
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