Souto, Casa, tarde de 28 de Fevereiro de 2009
Isto de viver tem pouco que se lhe diga
Isto de morrer tem quase nada de que se fale
Aqui está-se calado
Canta-se ali uma cantiga
E as coisas como aves vão ao vento / é o que vale
Esse invisível levador de coisas antes trazidas
Como as mortes / as coisas / e / as vidas
Isto de viver é quase sempre apenas estar vivo
Isto de viver é quase sempre estar apenas vivo
Morrer não é conversa que se tenha a conversar
Sente-se é certo a aura / a forte possibilidade de acabar
Mas não deve sair dos cinemas / p’ra dentro dos poemas
Eu tenho pela vida o respeito que se deve ter ante velhinhos
E ante crianças também / credoras afinal do respeito mor
Que vivos e mortos / miúdos e graúdos / cobram ao devedor
Que a tanto me montam fraldas quanto pergaminhos
De modo que o sábado trouxe chuva / vai a tarde fria
Serve-me isto de viver qual uma luva / à manual melancolia
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