01/09/2006

Sérgio Godinho





É um escritor de canções. Também lhe chamam, aliás carinhosamente, SG Gigante. Gigante por ser o que é: uma enorme figura da música e da cultura portuguesas. E SG por ser Sérgio e Godinho.
Nasceu a 31 de Agosto de 1945 na cidade do Porto, este gigante.


Antes que mais alguma coisa digamos dele, ouçamos o que tem a dizer o próprio Sérgio Godinho:
“Sou um músico. E na música englobo as palavras – nesse aspecto, sou um poeta; englobo o estar num palco – e nesse aspecto, sou um cantor; e sou também um compositor, porque também faço melodias e ritmos a partir de coisas que vou escolhendo. Um músico usa tudo, as palavras, o palco, não consigo separar…”

Um pouco mais do discurso directo do músico, poeta, compositor e cantautor Sérgio Godinho. É ele quem diz que
“O cantor acaba por ser a consequência natural das canções serem compostas. É um pouco como um script de cinema, ou uma peça teatral, que só existem se forem representadas e para serem representadas.”


Aos 61 anos de idade, a velhice continua a ser uma questão que tem a ver com os trapos, não com Sérgio Godinho. Ele soube sempre renovar-se, embarcando com bilhete próprio nas correntes da actualidade. Foi ele quem divulgou, na década de 70, O Namoro de Fausto; e é ele quem, hoje, pode ser visto e ouvido na companhia dos Clã sem cair na atitude de outros pseudo-sobreviventes oportunistas.

Trata-se de um artista com, passe a expressão, pau para muitas colheres. Além de figura cimeira da música portuguesa de intervenção e de autor, Sérgio Godinho também é o actor de múltiplos filmes, séries televisivas e peças teatrais. Mas não só. Também é o dramaturgo criador de várias peças e realizador. Podemos dizer que Sérgio é o nosso Jacques Brel. E dizer isto é dizer bem dos dois.


Em meados da década de 60 recusou ser soldado colonialista. Esteve 9 anos fora do País, radicando-se principalmente na Paris de França. Por aí contactou outros gigantes da nossa cultura então exilada: José Mário Branco, Zeca Afonso e Luís Cília, entre outros.


Depois de, em 1971 colaborar no primeiro álbum a solo de José Mário Branco, um disco intitulado Mudam-se os Tempos Mudam-se as vontades, Sérgio Godinho acabou por concretizar nesse mesmo ano a sua estreia discográfica. Em França, gravou o LP Os Sobreviventes. Bom título de estreia, até porque serve como uma luva ao seu criador.

Os discos desta geração eram censurados, o que no entanto não impediu a crítica e o público nacionais de premiarem Sérgio Godinho como o Autor do Ano de 1972. Sérgio casou-se pouco tempo depois, no Canadá, com a também artista Shila, sua colega na famosa companhia ambulatória The Living Theater. São os tempos hippies de Vancouver, cidade onde recebe a grata notícia de se ter dado em Portugal o 25 de Abril.


Regressa e edita o LP À Queima-Roupa, no mesmo ano de 1974. A carreira de Sérgio Godinho disparou autenticamente a partir daí. 32 anos depois da Revolução dos Cravos, o SG Gigante continua gigante, muito à custa de canções como É Terça-Feira e Com um Brilhozinho nos Olhos, entre dezenas de outras.

A Sérgio Godinho, é escusado tentar colar rótulos político-partidários. O êxito comercial da sua carreira não fez dele um capitalista de carteira para dentro e um esquerdista da boca para fora. Sérgio é Sérgio e ponto. Final, é que não.

Fontes para o texto:
http://pt.wikipedia.org
http://www.pflores.com/sergiogodinho/index.php



(A transmitir hoje, 1 de Setembro de 2006, na rubrica Filhos da Madrugada do programa Anoitecer ao Tom Dela, de Sandra Bernardo, na Emissora das Beiras, 91.2 FM. A rubrica vai para o ar às 23h. Também é possível ouvir o Anoitecer ao Tom Dela na internet. O programa vai das 20 às 24 horas. Clicar em http://www.radio.com.pt/, depois escolher Distrito-Viseu e Concelho-Tondela. Todos os dias, de 2ª a 6ª. Mais informações úteis em http://www.anoiteceraotomdela.blogspot.com/)

4 comentários:

Anónimo disse...

Enorme.

Anónimo disse...

E não se esqueçam de abrir o programa com Pano Cru a canção do álbum homónimo. Não chega a dois minutos de música mas é tão linda, é uma das minhas preferidas. Dei por ela no tempo - tempo em que os animais falavam - em que o sérgio a usava para abri os concertos. Lembras-te, dog? Ouve meu amigo p~e a máquina a gravar/queria só explicar aqui que eu sou como o pano cru/ e como o pano cru eu ainda estou por acabar/ e como o linho vem da terra assim viemos eu e tu and so on...
P.S e aquela do expresso hein? Viste o mail do lusi?
Ze vice

Anónimo disse...

sim, sg é um delícia.
E as hitórias felizes? os bons momentos?
porque não começar com os da figueira?

Daniel Abrunheiro disse...

ana cláudia, isto não é propriamente discos pedidos...

Canzoada Assaltante