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Terça-feira,
6 de Abril de 2021
Dois operários da construção civil (pintores) morreram após queda da altura de um quinto-piso – no Feijó, Almada. Andaime mal instalado, talvez. À vista, é estrutura anacrónica, já em desuso, porque sem guarda-corpos. Obra talvez não-licenciada. Idades das vítimas, entre 40 & 50 anos. Diz-se que Portugal é, na Europa, o quarto na tabela dos países com mais acidentes no trabalho. Nunca é o pato-bravo a morrer, é sempre o trabalhador. Eu andei nesta vida da pintura de obras. Sei o que digo & do que falo. Lamento & ressinto estas mortes como agravos pessoais.
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Valeriano Bento Pavana Damas – anotei este nome em Janeiro passado. O verbete não adianta mais. Penso referir-se a um homem da Arregaça, canalizador-electricista. Deve ser ele. Angustia-me um pouco não ter a certeza. É que, também daquela nobre zona operária de castiço nome, houve um Vitório Bastos Pereira Domingues – as mesmas iniciais, para minha maior confusão. Preciso de não anotar tão sucintamente. Antigamente, bastava-me bem – mas agora já vou tartamudeando arquivos, silabando menos bem, atrapalhando dados, fundindo vozes (cf., por exemplo, a entrada 211 deste mesmo caderno).
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Merendámos fruta fresca, abençoada criação. Passava já bem das cinco (bem-entendido, da tarde). O Gatito petiscou uma chicha de marca, é o nosso príncipe, tudo merece do melhor que haja na loja. A luz parece demorar mais horas, a Primavera vai vingando, o homem do boletim ameaçou 25 centígrados para a Coimbra de amanhã, se lá chegarmos vivos. Não vale a pena grande tristura. A sopa para o jantar tem conduto de vaca, chispe & chouriça. Voltam a passar a notícia dos dois pintores que morreram a trabalhar. Em Tabuaço, Valença do Douro, entretanto, resultou na morte de um homem de 64 anos uma desavença relativa a terreno agrícola. O homicida, de 74 anos, entregou-se à GNR. Pronto. O vírus-chinês também continua a matar: nas últimas 24 horas, diz-se que mais duas pessoas portuguesas. Lá fora, não sei quantas.
Em suma, existimos.
2 comentários:
A TV só refere a morte de um tal Coelho, mas os operários não são notícia. É assim a vida, mesmo na morte!
Tal qual, Cid.
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