A Virginia não veio a 6 mas veio ontem e hoje também.
SER A POMBA
Leiria, manhã de quinta-feira, 6 de Setembro
de 2012
Ser
é ter-se. Enquanto isso, proceder em posse (dos latinos sum e possum). Não tarda,
é tarde. Por enquanto, é tarde de menos. Espero o jornal do dia. Espero a pomba
da manhã, também. Vou-me cinematop’screvendo as telas móveis da quinta-feira:
as páginas vivas que permito confisquem a minha vida. Os combustíveis iniciais
são: café, leite, chocolate, tabaco. Arranque feliz: na Rita, sou o primeiro a
dispor do jornal. Os topónimos portugueses põem-se logo a fervilhar
ocorrências, a zunir ourivesarias, a vibrar mulheres mortas por ex-gajos, a
crepitar incêndios, a sussurrar lixos socialites, a zumbir esticões de pescoço,
a zoar troikas, a ciciar bebedeiras – tudo numa áscua repercucientíssima que me
desvanece & encanta. Muito gosto eu dos espécimes de tal pueril colecção
(puerilidade minha, que não rejeito nem combato). Quereis ver? Ler? Ser
(&ter)? digamos:
ALMACEDA
(Castelo Branco), BIRRE (Cascais), CÊTE (Paredes), DEMÓ (Porto de Mós), ESTARÁ
LÁ (Caldas da Rainha), FILHA BOA (Carvoeira), GRAVE (São Pedro do Sul), HOSPÍCIO
(Azeitão), IMAGINÁRIO (Caldas da Rainha), JUZO (Cascais), LAJES (Coimbra),
MUNDÃO (Viseu), NOGUEIRA (Cinfães), ODECEIXE (Aljezur), PENTEADO (Moita),
QUINTA DE VALE DE VENTOS (Caldas da Rainha), RUNA (Torres Vedras), SAPATARIA
(Sobral de Monte Agraço), TAVAREDE (Figueira da Foz), URQUEIRA (Ourém), VERIM
(Póvoa de Lanhoso), (sempre o problema do X, não me tem aparecido lugar assim
iniciado), e ZIBREIRA (Torres Novas).
(Nos
entrementes, acabo de redigir uma palestra encomendada por um amigo que,
domingo próximo, na sua qualidade de presidente da
associação-cultural-desportiva-recreativa da terrinha local, recebe “entidades”
num certame local. Quis pagar-me dez euros pelo frete, que indeferi auferir em
resgate de um cálice de doce pré-prandial, 11h29m que são já elas.)
11h30m
da quinta-feira, 6 de Setembro de 2012 – o futuro era isto, que à hora de
alguma leitura o já não é. Também a aurora (aura, hora) lá vai – irresgatável
qual vermute tomado. Um cão alvodourado sonolesce na galeria da Rita, aos pés
da velha dona. Além, um careca raybânico à Tom Cruise sem mota nem caça-a-jacto
folheia as rosas paginadas do Correio da
Manhã. Leiria acontece como um dédalo resignado de ariadnes.
A
pomba da manhã não veio.
Fez-se
tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário