ANIS PARA CICLISTAS
Leiria, tarde de segunda-feira, 10 de Setembro
de 2012
Ignorar
não é esquecer, esquecimento não é ignorância, como cheiro não é fragrância.
Massa
frutada de ar-livre é o corpo almado daquel’além arvoredo a prazo da
eternidade.
Sem
psiquiatrias vãs, faço (assumo) a despesa do instante, que ou é agora ou
vai-t’imbora.
A
golpe seco, recebo separação e devolução: faço por entender notarialmente as doações,
as coacções, os abusos, os azares da fortuna.
E
então?
Cai
a pique a época ciclística, sabemos que o calor serôdio apodrecerá de gelo à
primeira oportunidade – mas por enquanto não.
Inversa
piscina que às aves torna peixes, o céu é grande como uma popularidade
inesperada.
Retiros
estivais zonam ilhéus familiares.
Embatem-se
percursos, nacionalizam-se cabeças, mudam-se diversões, concorrem-se laivos
pérfidos, procuram-se corpos desavindos de outros.
A
edição da tarde transporta pacotes de chá, açúcar amarelo, presilhas de
pantalonas senhoris.
É o que faz refrescar o
anis.
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