A um canto do salão, mulheres tomam café pós-almoço: chilreiam graçolas muito feminis: quase parecem felizes. São empregadas de limpeza, caixas de hipermercado, costureiras, ajudantes de copa.
Ao outro canto, reformados batem o marfim do dominó. Intervalam as partidas com copinhos de ginja e/ou de anis. São clones uns dos outros. Não parecem felizes nem tristes: parecem(-me), sim, almanaques borda d’água: ou árvores decrescentes. *
Meto caminho às pernas, o sol incendeia-me os arrumos traseiros do corpo. (Produzo sombra, portanto, mesmo quando não escrevo.)
*
Panos frescos (as sombras; não a das pessoas, mas as que casas e arvoredo projectam pelos flancos da atenção corporal) apaziguam o viço solar do primeiro dia da Primavera. Depois do (pouco) trabalho do dia (uma segunda-feira), recolho-me a pensar-sentir por escrito o cenário mundial em versão conimbricense. Sinto falta Dela.
Sem comentários:
Enviar um comentário