Notações da viagem Leiria-Coimbra (a caligrafia vai desbalançada por causa da trepidação do autocarro, não porque eu – já – tenha bebido a e de mais):
- Homem de camisola cor-de-laranja e boné de pala castanho de antebraços em grade de ponte mirando o Lis;
- Lar de S. Francisco, onde o maestro António João Paio, da Sociedade Filarmónica Louriçalense, viveu os últimos instantes, sem da capo, da vida que lhe coube tocar em vida;
- Eucaliptos, gruas e postes de alta-tensão: afins verticalidades;
- Sinais de viação verdes, azuis, encarnados;
- A1, km 131;
- Verniz reverberante das terras lavradas;
- Casarios branquejando à inclemência benigna do calorífero astro-reinante;
- Programa radiofónico estúpido nas colunas do autocarro;
- Poder massivo dos pinhais sonhando pesadelos relativos aos incêndios do Verão;
- A fábrica Roca, ao longe mediato da visão;
- O escoar da vida enquanto-escrita;
- Eternidade da Luz, Perpetuidade das Sombras;
- Florações amarelas do verde-à-vista;
- Bolas laranjas e brancas nos cabos suspensos;
- Credulidade minha quanto ao vigor e ao pragmatismo da Poesia.
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