33. ROLA
Leiria e Adões (Coimbra), segunda-feira, 16 de Maio de 2011
Uma rola num poste muito alto: olha o mundo em torno, o mundo cujo tamanho ela amplifica à dimensão do céu. Vejo-a levantar a parábola do voo, desaparece além do prédio amarelo. Tento não olhar o poste a partir de agora – porque o sei sem ela: como tantas vezes me tem acontecido.
32. POMBAS E ESMOLAS DA FALA COMUM (fragmentos)
Coimbra, quinta-feira, 12 de Maio de 2011
Sabe-me a boca a fim de tarde,
a vital outono mortal que arde
no lugarejo Coimbra chamado.
Sequer estou virado a fado,
apenas tristonho e quase cansado:
a luz é porém toda, em ar de
ouro muito branco de casas e colinas,
à passagem de senhoras (antigas meninas)
pela do Brasil, Solum, Casa Branca,
o olhar sangra cor que nunca estanca
o primevo daltonismo das varinas
de outros tempos-instantes idos.
Andam por aqui os bem e os malparidos,
a minha terra de Maio, materlocal,
uma quinta-feira em Portugal,
sabe-me a boca a fins vividos.
*
O pão meu tempo: migalhas mentais,
do ouro dos trigais pálido imitador,
que o mais é pelo pátrio idioma
todo e só amor.
*
Da circunstancial senhora lembro o pé branco,
a boca gostadora de mariscos e malvasias.
Lembro-me de, numa praça, de um banco,
assistir ao essencial nada dos dias.
Do circunspecto cavalheiro peitoral ressalvo
o apuro comendador, o colarinho alvo
e do semblante o emblema de idiota formado.
(Há por Coimbra muito exemplo deste gado.)
*
Já recebi esmolas mas nunca as pedi.
A minha vida tem dias – e está, como
todas, por um fio sideral.
É o que faz ser pobre em Portugal.
*
É na fala comum
que o amor de dois
se faz só um.
2 comentários:
RRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRR, rouaoùùùùùùùùùùùùùùùùùù, cao , lusa...ca pata de lado, amiar...
và, so tu escreves assim, até dà vertigens, dervichas a lingua.
Nao tenho mais adjectivos....COM C ANTES DO T, KÉ PRA SABERES QUE TAMBÉM NA CONCORDO CAS CONCORDÂNCIAS BRÉSILIENNES...
bêjos de Isabel, com rosas senhor, no regaço...
lm
Merci, la belle Danseuse.
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