09/05/2011

Rosário de Isabel e Dinis - 18. SEIS QUADRAS QUASE POPULARES (fragmento 1)


© Edward Weston – Nahui Olin (1924)
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18. SEIS QUADRAS QUASE POPULARES

Coimbra, quinta-feira, 14 de Abril de 2011

Ainda vivo, por aqui ainda.
A celeridade das jornadas é fugacíssima.
As catedrais vigoram morenas nas horas.
O século abate toda a esperança.

Fina febra concorre ao lugar do coração.
Pessoas debatem o tema do futuro.
Sinto vagamente a idoneidade.
Não aceito as religiões, a massificação.

A estupidez dos homens é também minha.
Ando aqui para ver os chapéus dos outros.
É mansa a tardinha, agridoce a manhã.
Sinto-me mais velho do que o meu ontem.

Vigoram mornas, as horas-catedrais.
O Burkina Faso, o Sri Lanka, as esquisitices.
Os coelhos e as alices.
Os anátemas morais.

Os espertos pedem esmolas manhosas.
As motorizadas zundapam as associações.
Ressinto um pendor natural por rosas.
Não, não aceito, eu recuso as religiões.

Lugar da tua sombra é todo o meu chão.
Perpasso a vida declínio-declinação.
O teu rosto, Senhora Mãe, incrustado no meu
como uma figura aquática, uma conspiração.

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Canzoada Assaltante