Sandra Bernardo, Caldas da Rainha, 2 de Fevereiro de 2020
Pombal, fim da manhã e tarde de 30 de Março de 2010
Olhar a árvore é já sê-la
Recebê-la em doce paz é olhá-la
Respirá-la é tão viva senti-la
Quão nos viver olhando ela.
O meu coração é o observatório que posso
Sol nas costas de Lisboa porque a vida é boa
E aquela janel’ amarel’ a vida é bela
Observo com o coração quanto é nosso.
Homem de azul passando a praça
Na terça-feira espectacular
Personumanidade em plena graça
Meu pairmão e filho solar.
Olhar a árvore é já sê-la
Recebê-la em doce paz é olhá-la
Respirá-la é tão viva senti-la
Quão nos viver olhando ela.
Um dia serenos seremos música todos
Marmórea memória ao mar em cinzas
Por enquanto um pouco tristes e perdidos
Uns fogem p’los copos, outros por ganzas.
Fibra pura, a boca das mulheres
É lacrado incêndio, é mãe dolorosa
Já me fiz à vida, mas qu’ é que tu queres?
Monturo de lixo, pedúnculo de rosa.
Amemo-nos, vá, ’inda um pouco
Razão, tem-na muita quem não sofre amar
A vida é curta – e um gajo é louco
Se por aí anda sem árvor’ olhar.
Olhar a árvore é já sê-la
Recebê-la em doce paz é olhá-la
Respirá-la é tão viva senti-la
Quão nos viver olhando ela.
Passa o azul homem ao branco céu
Que tão nu nasceu o céu como o homem
Tod’ a malta é jovem e anda ao léu
Chapéu é pensar por nuvem nos tomem.
Magritte. Hopper. Sargent. Malhoa.
Céline. Djavan. Mercè. Chagall.
Mil raios m’ a parta’, gente sem igual.
Chopin e Prévert e Eça e Pessoa.
Olhar a árvore é já sê-la
Recebê-la em doce paz é olhá-la
Respirá-la é tão viva senti-la
Quão nos viver olhando ela.
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