Conheço tão poucas pessoas que
só me sobra apontar o dedo às que
desconheço. De resto mereço
a dedo ser apontado pois que
a virtude é um zinco quente sobre que
ciam as ignotas gatas loiras como
cervejas em dia de chuva vendo o mar
a bramir e a bramar e a espumar como
um epiléptico descomunal que
da ilha traz a nostalgia continental.
Conheço tão poucos livros que
me agrada o jornal regional
inçado de artigos da padralhada
da autarcada e de mais nada. Em
sábados assim mornos sossego eu
os cornos em cafés de vila
bebo um portinho coço a pila
e deixo andar o futuro que deus
me deu.
(Mas um pouco de lenha no lar perfuma
de bosque o meu coração suburbano
já lá vão o verão o mar e a espuma
ele há-de estar frio o resto do ano.)
só me sobra apontar o dedo às que
desconheço. De resto mereço
a dedo ser apontado pois que
a virtude é um zinco quente sobre que
ciam as ignotas gatas loiras como
cervejas em dia de chuva vendo o mar
a bramir e a bramar e a espumar como
um epiléptico descomunal que
da ilha traz a nostalgia continental.
Conheço tão poucos livros que
me agrada o jornal regional
inçado de artigos da padralhada
da autarcada e de mais nada. Em
sábados assim mornos sossego eu
os cornos em cafés de vila
bebo um portinho coço a pila
e deixo andar o futuro que deus
me deu.
(Mas um pouco de lenha no lar perfuma
de bosque o meu coração suburbano
já lá vão o verão o mar e a espuma
ele há-de estar frio o resto do ano.)
Caramulo, princípio da tarde de 16 de Setembro de 2006
2 comentários:
Belo, muito belo o início do primeiro. Gostei da elaboração da ideia de "apontar o dedo" e relaciono-a com a discussão do politicamente correcto. Não quero parecer redundante, mas... Belo e ponto final.
As melhores palavras para descrever um momento de solidão sem saudade, reina a razão, o que se vê, sente e prima na nostalgia que parte para mais um ciclo...
Um grande abraço para ti Daniel a quem muito estimo e admiro...
João C. Santos
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