© DA.
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Quarta-feira,
25 de Agosto de 2021
Morreu ontem Charlie Watts, o decan’octogenário baterista (muito bom músico) dos ameaçadoramente perpétuos The Rolling Stones. Quem morre hoje, ainda não sei. Temos tempo até dar-se a meia-noite.
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Sim, algum vazio vem tomando conta aqui do eu-lugarejo.
Muita (quase total) ausência volitiva de sombra de desejo.
Não tenho planeado excursos ao âmbito em breve ex-polar.
Pular? Não me dá para tal, aqui ou qualquer outro lugar.
Por outros vocábulos: as linhas supra são devidas ao meu des-gosto pelo Verão excessivo deste milénio. A caloraça atordoa-me, torna-me verme inerme, desprovido, desarmado, mole, mal, mula. Por assim dizer, volve-me mútico. Na sufocação das sestas, vejo com as interiores retinas remexidas assombrações. Suor agitado, quente, malfeitor da própria pele. Revoluta anti-serenidade, sofrimento sem caus’aparente. Ideias borrascosas bravejam & daninham a minha idade insensata. Eu quero viver abnoxiamente, sim, mas assim não posso. A temperatura é maléfica, filha-da-puta, deletéria, ofensiva, tóxica, puta-que-a-malpariu. A minha escrita mesma eriça-se, corrompe-se, degrada-se, faz-me asneirar, transpiro sem projecto-de-vida, fornicam-se-me os fenótipos, feia-se-me o rosto (mais ainda, digo), rangem-me as dobradiças, fissuram-se-me as cartilagens, isto é o diabo órfão de deus. Pervicaz, pertinaz, contumaz, relapso calor infernal: dai-me neve, frio de tremer-queixos, dá-me o teu reverso. Abjuro de nada. Arrependo-me amanhã. Quero brisa & morrinha no pomar crepuscular, geada dilucular, os meus Pais vivos mais um pouquinho.
Sim, algum vácuo vem a(r)madurando-se em meu tronco sem ramos.
Não sei o que somos? Pois não. Mas sei p’r’onde vamos.
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A entrada anterior confirma-me & reitera-me:
como senil-queixinhas, digo – e de primeir’apanha.
Mais me valera ir de poeta-frasco pa’ Espanha?
Não. Nicles. Mas, olha, contigo ’inda falo. Espera-me
em melhor sítio por um melhor dia. Nem tudo
é perda ou merda, que ainda alguma palavra podemos.
Sabemos da inevitabilidade daquela coisa. Sortudo
deveras é quem não ouve ou sabe o que dizemos.
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