© M.M.
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Sábado,
31 de Julho de 2021
Desarranjadas, descompartimentadas, incoerentes, afinal cansativas, as horas de sono têm-me espedaçado os dias, coalhando as horas em ilhotas improdutivas & inconsequentes. Armo-me de paciência & resigno-me. A literatura é a minha realidade eleita. Não é fictício afirmá-la como tal. Faz parte da minha vida, pelo que faz parte do (dito) real. Por outro lado, a morte é a herdeira universal da vida. A vida faz quanto pode para dissipar a herança. Faz ela bem.
À tarde, dormi dois bocados, ingloriamente resultaram ambos. Da segunda prestação, sonhei que ainda vamos ter de tapar as nossas mulheres por causa de ser ofensivo para a sarracenagem o andarem por aí elas como andam. Quando despertei, não foi a rir. A afro-islamização deste continente é tão evidente quão um escarro na sopa. Acho que é & há tempo para mitigar tal processo, que não tem de ser fatal. Os nórdicos ainda o não perceberam, por modos não. Quando noruegas, suécias & dinamarcas derem de si como franças, hão-de perceber. A África, o que é de África. Ao Islão, o que é de mouraria. A não ser que volte a aparecer alguém com a utopia praticável de arrebanhá-los em Madagáscar, primeiro, e no que se sabe ao depois. Os genocídios repetem-se nas eras porque a malta bípede insiste em raciocinar quadrupedemente. E no fim não ganham os Alemães, os Chineses é que sim. Quanto aos Russos, esses já foram – só que ainda ninguém lho disse em cuneiforme cirílico.
À noite, o Sporting (de Lisboa) ganha por 2-1, ao intervalo, ao Sporting (de Braga). É a final da Supertaça no estádio de Aveiro. Dá para entreter o pedaço.
Durante a segunda metade do jogo, deixo fluir a ideia pelos temas que este último ano & ½ agravou – por assim dizer, agravou. A pandemia viral tornou estranho o que era comum & normal o que era esquisito. No Brasil, neva. Nos países que eram frígidos, os centígrados passam a fasquia dos 40. O pessoal anda por aí mascarado como em tragicarnaval sem piada alguma. A angloalgarvização de cidades, vilas & aldeias cá da parvónia parece inelutável. O Ensino é uma merda. A Justiça é irmã do Ensino. A Saúde faz, apesar de tudo, muito pelo bem comum, vá lá. E o Euromilhões continua a fazer-me manguitos & a arreganhar-me piretes.
O remédio, sei-o eu: li Tolstoi, vi dois documentários [um sobre o assassinato de Lord Mountbatten, a 27 de Agosto de 1979 (segunda-feira); outro, sobre Henry VII de Inglaterra] & adormeci à entrada do terceiro, que era sobre a inefável (mas falada) Leni Rienfenstahl. Agora, o serão já boceja. A segunda-parte do SCP-SCB decorre monótona, esgarçada, desinteressantemente. Já pouco miro os peões no relvado. Tenho de resolver isto, não me dou bem com o tédio. Vou perguntar ao Gato se quer brincar comigo.
Quis – mas só um bocadito. Trouxe da despensa, para releitura um quarto-de-século (quase) depois, Arte Poética – O Meridiano e Outros Textos, de Paul Celan, que a Cotovia publicou em 1996. Assim – por releituras & outras desatenções – vou resistindo à futebolização incansável, à indefessa alienação das massas pelo jorgeluisnunofilipipintivieiradacostismo, ao hiperpindérico apimbalhamento dos horários-tv-ditos-nobres-afinal-caca-de-pobres.
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