10/08/2021

PARNADA IDEMUNO - 700 & 701


700

Segunda-feira,
9 de Agosto de 2021

    Amanhã é-me dia de sair de casa pela matina.
    Agrada-me a perspectiva de me fazer ao mundo.
    Cumpro, saindo, certa obrigação de meu interesse (higiénico).
    Raspo já hoje as barbas esparsas, adianto serviço.
    O exame é na instituição dentro da que o meu Pai se foi.
    Sempre que lhe passo em torno, o passamento ocorre-me.
    Aqueles três dias terminais, sim, aqui estão em mente.
    Amanhã, não apenas a vejo como a adentro & tudo.
    É edifício cheio de histórias na História – não só a de cá.
    Muita gente ali encontrou alívio sanitário, é certo.
    Muita outra, ao fio de décadas, ali achou terminação.
    Em a minha comezinha existência, é quase uma aventura.
    Digo: sair de matina, ir de viagem, emprestar o coração.

    As linhas precedentes podem ser lidas literalmente – não resultará, de tal, qualquer abalo a meu pífaro. Dispu-las como estão por gozo pueril: parecem até poesia, pois não parecem? Não importa. É como num cartaz de que hoje vi reprodução imagodigital:
    
YOU DON’T

MATTER GIVE UP

    Se lido de cima para baixo, uma coisa. Se da esquerda para a direita, outra. Muito bem – polissemia, por assim dizer. De facto, é magia: com 26 letrinhas apenas, dizemos quanto podemos do que cá andamos fazendo – ou por cá desandamos desfazendo.
    Isto tudo faz-me lembrar aquela do português, do espanhol, do francês & do inglês que entram num bar. E.

701

    Paulo Victor Jorge Maurício, cidadão como nós de sua vida, foi insulando-se em um circuito material a que não faltou jamais – uso & ouso dizê-lo – certa espiritualidade, mormente hedónica. Não sei dele, mais dele não sei do que isto. O último de nós a estar com ele – foi & é o Mário Alberto Teodoro Amílcar, condutor da Rodoviária & tamanhuras de 1,88m. Disse Mário que Paulo lhe pareceu bem – apressado mas bem. Ainda bem, concluímos todos & cada um de nós. Também, a verdade valha, muito mais se não pode saber seja de quem for – às vezes, é ao espelho que tal verdade mais dá, e dói, de si.

 

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Canzoada Assaltante