© Pedro Núñez de Villavicencio
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Terça-feira,
3 de Agosto de 2021
O jornal devém antigo de um dia para outro.
À consciência acontece o mesmo, certo incerto dia.
Nem todas as vidas duram uma vida:
os que morrem moços
+ os que chegam a velhos sem pensar nisso.
Gosto de jornais envelhecidos. A pressa que eles tinham em ser novidade. O corriqueiro em que o novo tão depressa se torna. A importância dada ao que deveras a não tem, nunca a teve por aí além. Gosto da língua em que estão escritos. E do modo como os caracteres ficam, de costas para o papel, a olhar-nos de barriga. Receitas culinárias, a banha-da-cobra zodíaca, a programação TV, as farmácias de serviço, a racha ominosa no pilar da ponte, o projecto-açude, o Astória vigorando alto no azul a preto-e-branco da recomposição. Gosto.
Na suposta actualidade, nada de novo, francamente não. Residualmente, pode alguma coisa ter vindo para ficar, sendo de facto boa & exemplar. De resto, não miro grande coisa que sim. Antes apreciar repetidamente o Rapaz Catando Pulgas de seu Cão, que pelos anos 50/XVII o pintor espanhol Pedro Núñez de Villavicencio (1635? 1640?-1700) tão graciosamente deu, pintando, à luz. Sim, muito antes isso.
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