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Domingo,
22 de Agosto de 2021
Perguntaste-me se sempre fui ao Choupal no sábado, olha, não fui, não me organizei nesse sentido, fica o intuito, um destes dias será, hei tão-só que corrigir alguma tendência para desviar horários, dormir menos de dia, voltar a levantar-me cedo, deitar-me com as galinhas & acordar com o galo.
Já o domingo se escoou pelo ralo inexorável do espaço-tempo que cabe a quem vive, depois de almoço fui ver o meu Irmão, voltei desse encontro de palavras evacuadas, nem para ler me deu, pasmei um bocadito ante a chávena evacuada ela também, apeteceu-me o leito, dormir a vida, não fo(r)çar.
Nem tudo se gorou: em vez da volta pelo Choupal, terminei a leitura de uma antiguidade livresca (Braga, 1955) dedicada ao tema dos latrocínios literários: Filosofia do Plágio, de Cruz Malpique, professor que foi do portuense Liceu de Alexandre Herculano. Nomes altissonantes da História da Literatura apanhados, como meninos travessos, a botar mão-baixa a outros não tão sonantes nem tão altos.
Dessa leitura, faço citação disto:
“Um velho prolóquio português, citado numa carta de Brotero, diz: “Um só dedo não faz mão, nem uma andorinha Verão.”
E disto:
“O segredo de dois é segredo de todos (…)”
E disto ainda:
“(…) despojar patriotas é furto, despojar estrangeiros é conquista.”
E:
“(…) qui vole un oeuf, vole un bœuf.”
E três versos de um soneto de F. Maynard (que um tal Voltaire plagiou – aliás, o A. de Micromégas fazia gala de “Je prends mon bien où je le trouve”…):
“Je suis heureux de vieillir sans emploi,
De me cacher, de vivre tout à moi,
D’avoir dompté la crainte et l’espérance.”
Mais :
“O Seguro morreu de velho e D.ª Prudência foi-lhe ao enterro…”
E tudo, considerando que é curial “savoir pour pouvoir”, para merencoriamente concluir, a propósito de ser legítimo ou ilegítimo o plágio, que, na prática, “as abelhas, fabricando do alheio, servem mais do que as aranhas, tecendo do próprio.”
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