© Emmet Gowin
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Quarta-feira,
4 de Agosto de 2021
Sentir presenças de pretéritos – acontece, mas olhai, sem efabulação, apenas coisa interior, funcionamento da mente exposta (auto-exposta) às diatribes da nostalgia. Exemplos herméticos: em 1976, o clã Rosso; em 1980, a trindade Heinke. Fácil agora: famílias estrangeiras em férias estivais portuguesas. Um dos adultos de então, Herr Schusterkugel, de imensa bonomia, apreciador dos licores nativos, cento & vinte quilos de bondade.
Os invernos de então, nas casas da quinta, estruturas permeadas de uma escuridão senhorial, aura, prestígio, fortuna – tudo não-nosso. Sim. Na dos caseiros, crucifixo e relógio: ambos de parede. Com isto, consigo não fazer um diário-da-peste.
No Café Paris de outra dimensão, em alternativa esfera, través diverso éter, estive com a Menina. Conversámos como traduzindo-nos sem máquina automatizadora de frases-feitas. Farfalhavam árvores simples à brisa simples, era de semana o dia, dito útil, sim, vim de rapaz para esta veterania, toco a mocidade floral da Menina, o sangue vai de foz a nascente, interminável rasto patronímico. Tomámos a tisana enfebrecida de citrino fervor. Conversámos sem hora crepuscular, estava felizmente moderada a temperatura, viver não custava mais do que uma merenda escolhida a dedo.
E quem não estava? Alguma dessa gente, por boa fortuna era ausente. Outra, que não enjeitaríamos, não podia, de todo não podia. E pretérito não era o dia.
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