© DA.
716
Segunda-feira,
16 de Agosto de 2021
A perfeita inutilidade da minha vida
ou
Da Vossa a útil imperfeição.
717
Deu-lhe onde passar a noite a coberto
Nem sempre é sorte que se tenha numa aflição
A vida não era para acabar ali sem mais
O dia sim, acabara sem história alternativa
Onde passar a noite – entre mantas, à face de lume.
De manhã, água, comida, hora de ida
Nova-corrida-nova-viagem dos anos-por-enquanto
Os lobos mudaram de forma mas os trilhos resistem
A incógnita auto-responde-se em andamento
No extremo é-se capaz de pensar com as mãos.
718
A idade alheia não aumenta nem diminúi a minha.
Não há nesta dimensão relativ’idade.
719
Os trogloditas-talibãs em maré de triunfo, lá no escuro Afeganistão de que só merda tem visto a luz dos dias. O género infra-humano triunfa à custa dos interesses capital-capitais. Nenhuma salvação para isto. Satisfaz-me a certeza de cá não ficar para assistir à degradação final. Daqui a uns tempitos, destrava-se lá outra guerreola, mata-se o mexilhão, a rocha fica. Depois há ainda quem se admire com a reencarnação dos fascismos. Passa-se do oito ao oitocentos sem qualquer resquício de moderação. É tudo amanhãs-que-cantam: em hip-hop, parece. Parece & é.
720
Foi muito parecido com a felicidade: saindo pelo declínio da tarde, dei com a rua plena de luz. Mais: o calor não aleijava, mercê concedida ao mundo pela frescura da brisa. Fiz aquilo que me trouxe de casa, que era levantar uma encomenda de livros (cinco velharias a bom preço). Depois, escolhi assento à sombra, entre prédios sem bulício, já o comércio-pequeno cerrava portais. Tive pena de não ficar mais um pouco – mas havia que voltar para casa, escrever isto, ficar pasmado à janela olhando o nada de que vim para que vou.
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