© DA.
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Sexta-feira,
4 de Junho de 2021
As provisões de & para Junho são de satisfatória consistência. Avaliei-as pela finimanhã da corrente sexta-feira. Há sol dando mundo, tenho de sair por duas horas, conto estar de volta antes das dezoito. Esta é a parte mais fácil.
A breve viagem do dia faz linha oblíqua pelo diagrama do real. Fi-la já bastantes vezes de invernia solta, refaço-a agora em pleno pórtico estival. Há sempre novidade florescendo por entre as rotinas senectas. Levo comigo lápis & máquina-photomaton, algo trago para casa – não tanto quanto outrora, é verdade, mas ainda assim alguma coisa.
Semotas aragens não me cabe aspirar.
Dou-me por contente não havendo incêndios.
A minha ventura, garanto-a por compêndios
que me ensinam a dizer pós muito soletrar.
Na descida que vai da padaria dos ciganos à rotunda das tangerinas, um trecho de baldio está crivado de papoilas. É como se meninas de bibe por ali brincassem gravemente. Uma vez por semana, vejo aquela festa solene, aquela euforia ponderosa, aqueles gritinhos escarlates rompendo da garganta virente do chão. É bonito como algum gesto desinteresseiro, algum verso de António Osório.
Aquieto-me por ora na antecâmara da saída. Ainda espero estar de volta.
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Cá voltei, roçavam as dezoito. Dia bonito nesta parte do mundo. Moderada dinâmica da urbe, é ainda notável o aleijão social da pandemia-chinoca. Talvez ainda haja, eu, alguns anos disto: luz, vias, moldura arbórea, papoilas, Mondego.
Estive em proximidade para com três pessoas, com todas conversei um pouco. Soube-me bem fazê-lo, não o tenho feito assiduamente neste último ano & ½.
A caminho (ida & volta), mirei:
As tais papoilas de berma-baldio.
Também de rubro & d’iridescente furta-cores, uma moça.
Esplanada de compinchas cervejófilos à sombra.
Táxi número 1 da praça-de-Coimbra
(na Avenida Fernando Namora, perto da Casa Branca).
Duas airosas velhotas merendando chá/bolo-inglês.
Mulher-da-limpeza em pausa-tabágica sob guarda-sol.
Velhote de chapéu esperando que o seu cachorro acabasse de assinar a mijo o sopé do plátano.
Como estandartes & bandeiras de exposição-universal, lençóis a enxugar ao longo de longo arame em um pátio de instituição caritativa.
Crianças, não vi.
São duas visões, comuns na minha juventude, agora extintas: crianças sozinhas & cães livres pelas ruas. É tudo mais apertadamente amestrado agora. Não digo que seja pior, como também não afirmo que seja melhor. Também ninguém me pede opinião, deixá-lo, amanhã é sábado.
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