28/02/2021

PARNADA IDEMUNO - 78 a 81

© DA.


78

Sábado,
27 de Fevereiro de 2021

Ruy Belo nasce hoje há 88 anos.
A poesia pensada dele demora.
Moço é ele dentre meus decanos.
Poesia sem fobia adentra a ágora.

79

Mais cedo que tarde, a vez soa de botar unha à liça.
Tenho em livro o viver, a coisa vai-se dando.
Vê-se daqui a Conchada, de luz acaso enfermiça.
É ’inda longe o mar, cuja luz sabe a quando
era fresca a boca, impoluto o corpo, salvo o país
de desastres de deus, toleimas do vil diabo.
Quem me dera um recomeço, mas sempre acabo
tirando da boca o pão, a que levo só anis.
Não me parece mal o enciclopédias folhear
enquanto chove-não-chove em este falso de-vagar.

80

    Um rapaz andou consertando com meia-dúzia de telhas novas o telhado das garagens traseiras do prédio, esse mesmo para que todos os dias atiro, em arroz & pão, o maná das aves livres. Assisti da marquise à obra do operário. Fez o trabalho depressa & bem. As telhas novas destoam das antigas pela claridade infante. Serão novas por algum tempo, depois a mesma pátina elemental as irmanará às demais. É da Lei – como é de lei que escrever isto seja reinventar a pólvora.

81

Entendimento imanente entre pessoa & campos de si derredor.
É instante secular, singular, cifra fechada a céu-aberto.
Entre o que é agro & o que é gente, nada nem ninguém.
A mente age no sentido da pertença a mais mútua.
Telurismo não é palavra bastante para tal comunhão.
Turismo, também não.

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Canzoada Assaltante