16/02/2021

PARNADA IDEMUNO - 52

© DA.

 

52

Segunda-feira,
15 de Fevereiro de 2021

    O silêncio é afinal um silvo contínuo: no quarto como na cabeça. Fora, o vento fala, diz de si a frase longa de ásperas sílabas contundentes. É o que está a acontecer. Uma vez escrito, cada acontecimento torna-se a-contemporâneo, volvendo-se coevo do acto de (eventual) leitura.
    Lista não-exaustiva de figurações presenciadas hoje:

    Pedinte muito velho cantarolando entre colegas;
    Mulher elogiando a longevidade amorosa de seus vizinhos;
    Cavalheiro muito velho optando pela mudez revoltada;
    Nonagésimo aniversário do jornal comunista português;
    Tremenda beleza de cinco-mulheres-cinco-milagres.

    Do caldo de ontem fiz jantar, ceando já tardote malga de leite com bolachas escuras. Entreteve-me depois um filme-de-meter-susto, género que me faz sorrir sempre. Evitei os noticiários: o jornal(eir)ismo lusoportuga está cada vez mais pindérico/parolo/chunga/soez.
    Ao deitar, hesitei um pouco. Resisti à oscilação. Escrevi a azul. Fechei dia & caderno, abri-me ao dúplice silvo.



Sem comentários:

Canzoada Assaltante