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Segunda-feira,
15 de Fevereiro de 2021
O silêncio é afinal um silvo contínuo: no quarto como na cabeça. Fora, o vento fala, diz de si a frase longa de ásperas sílabas contundentes. É o que está a acontecer. Uma vez escrito, cada acontecimento torna-se a-contemporâneo, volvendo-se coevo do acto de (eventual) leitura.
Lista não-exaustiva de figurações presenciadas hoje:
Pedinte muito velho cantarolando entre colegas;
Mulher elogiando a longevidade amorosa de seus vizinhos;
Cavalheiro muito velho optando pela mudez revoltada;
Nonagésimo aniversário do jornal comunista português;
Tremenda beleza de cinco-mulheres-cinco-milagres.
Do caldo de ontem fiz jantar, ceando já tardote malga de leite com bolachas escuras. Entreteve-me depois um filme-de-meter-susto, género que me faz sorrir sempre. Evitei os noticiários: o jornal(eir)ismo lusoportuga está cada vez mais pindérico/parolo/chunga/soez.
Ao deitar, hesitei um pouco. Resisti à oscilação. Escrevi a azul. Fechei dia & caderno, abri-me ao dúplice silvo.
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